Marvel’s Guardians of the Galaxy
Marvel's Guardians of the Galaxy conseguiu me surpreender e apagar o gosto amargo que Avengers deixou, ao entregar uma experiência cativante e divertidíssima que faz jus aos Guardiões
Me lembro que, no ano passado, o hype para Marvel’s Avengers era enorme e todos queriam ver como seria o jogo de uma das maiores equipes de super-heróis dos quadrinhos. Mas aí chegou o grande dia do seu lançamento e, pra ser sincero, achei a experiência satisfatória, o game até possuía seus problemas mas conseguia ser divertido. Porém foram nos meses seguintes que foi ficando claro o quanto o pós-lançamento tornou Marvel’s Avengers cada vez mais monótono e acabou criando mais e mais polêmicas.
Com isso, minhas expectativas para Marvel’s Guardians of the Galaxy estavam bem amenas, mesmo com a confirmação de que o game seria totalmente single-player e não contaria com microtransações. Desde o seu anúncio, na E3 desse ano, fomos vendo mais e mais trailers e gameplays, porém mesmo assim eu estava segurando o meu hype, para não quebrar a cara.
Mas chegou o grande dia e o jogo dos Guardiões da Galáxia está entre nós! Desenvolvido pela Eidos Montréal e publicado pela Square Enix em uma parceria com a Marvel, acompanharemos o grupo mais maluco e insano da galáxia enquanto se metem em diversas confusões (pois é, eu tinha que fazer essa narração de Sessão da Tarde!). Mas será que essa nova tentativa da Square vale a pena, ou a amargura de Marvel’s Avengers ainda se faz presente aqui? Vamos descobrir!
♫ I need a hero! ♫
Nada de muito atraente está acontecendo na galáxia, mas é claro que os Guardiões não ficarão parados. Os mesmos decidem então saquear uma zona de quarentena da Tropa Nova, e até que encontram algumas coisas muito bacanas, porém isso não passa em branco e capitã Kor-El acaba multando os mesmo, já que nem deveriam estar naquela área. Sem escolha (e sem dinheiro), o grupo liderado por Peter Quill acaba se vendo obrigado a buscar por maneiras de ganhar créditos para pagar a multa, mas ao mesmo tempo algo estranho acaba afetando toda a galáxia, fazendo com que os mesmos se vejam obrigados a investigar o que está acontecendo e impedir que o pior aconteça.
Devo ser bem sincero, o ritmo narrativo se diferencia e muito de todos os outros games de super-heróis de já joguei. A grande maioria dos jogos busca estabelecer qual será a principal ameaça e uma base da trama logo no início da jogatina, o que não acontece em Marvel’s Guardians of the Galaxy. Aqui tudo acontece mais lentamente, criando uma espécie de experiência quase parecida com o que vemos em séries, ainda mais pelo fato do jogo ser dividido em capítulos.
Mas não se engane, mesmo com o ritmo sendo um tanto quanto diferenciado, em momento algum a jogatina fica monótona ou cansativa, já que a narrativa sempre traz algo novo e consegue ir nos surpreendendo durante toda a experiência. Tudo o que acontece vai deixando uma sensação de “quero mais”, fazendo com que você queira continuar e ver o que virá a seguir, além de que a principal ameaça do game (que demora a verdadeiramente ser apresentada) é intimidadora e rapidamente toma enorme proporções, algo que faz jus a games do gênero.
Mesmo pelo fato da trama ser original e criada especificamente para o game, é óbvio que a mesma possui enormes referências e inspirações tanto dos filmes quanto dos quadrinhos. É inegável que James Gunn fez milagres nos filmes ao transformar os Guardiões, uma equipe que até então não era muito conhecida e aclamada, em um dos grupos de heróis mais icônicos de todos os tempos, e diversos elementos que o diretor usou nos filmes se fazem presentes aqui, o que torna a experiência ainda melhor, além de que a essência dos quadrinhos também está nesse game.
Por mais que a trama já seja cativante, ainda há um outro elemento que consegue prender o jogador do início ao fim da jogatina, e isso é o humor de Marvel’s Guardians of the Galaxy. Posso até estar enganado, mas ouso dizer que de todos os games que já joguei na minha vida, nenhum me fez gargalhar tanto quanto nesse aqui, algo que torna o jogo ainda mais especial. Toda a interação entre os Guardiões é hilária, com um tirando sarro tanto dos outros, quanto da situação em que estão presentes, além do fato de que cada um consegue ser divertido da sua própria maneira e você distingue facilmente o tipo de humor de cada guardião.
Além disso, você consegue diferenciar muito bem a personalidade de cada membro da equipe. Drax é aquele clássico tiozão que não entende as gírias de Peter Quill e está sempre perguntando o que significam, já Gamora é um pouco mais fechada, pois é conhecida como a mulher mais letal da galáxia, e assim segue com cada guardião. Isso acaba tornando tudo mais interessante, pois ter toda essa diversidade de personalidades é uma das graças do grupo e faz com que boa parte dos diálogos sejam mais significativos justamente pelas interações divertidíssimas.
Mas não é apenas de narrativa que os jogos são feitos, não é mesmo? No quesito jogabilidade, ao mesmo tempo em que o game consegue ter pontos positivos, algumas coisinhas deixam a desejar. Quando estamos falando do combate como um todo, enquanto incluímos todos os membros da equipe, tudo consegue ser muito divertido e a diversidade de estilos usados é algo muito bom. Mesmo que você controle apenas Peter Quill, ainda é possível mandar comandos para os outros Guardiões, o que traz uma boa variedade nas lutas e torna tudo caótico (mas de uma maneira boa, é claro), além de ser possível criar combos com cada um. E isso se aplica não apenas no combate, mas também nos diferentes cenários, já que há momentos em que será necessário utilizar os mesmos para avançar na gameplay, como quebrar paredes com o Drax ou então acessar pequenas áreas com o Rocky, fazendo com que cada um tenha a sua importância na jogatina.
Já quando estamos falando apenas do combate de Peter Quill, a jogabilidade acaba ficando um tanto quanto monótona. Principalmente no início do game, enquanto possuímos poucas variações de ataques, tudo é muito simples e rapidamente se torna repetitivo, e caso o jogador insista em focar apenas no Senhor das Estrelas enquanto está nas batalhas, essa sensação de monotonia vai perdurar. Acaba sendo questão de pegar o costume de utilizar também os outros Guardiões e ir liberando mais e mais ataques.
Você possui ainda algumas escolhas durantes os capítulos do jogo, e em certos momentos essas decisões até são interessantes, mas no contexto geral acabam deixando a desejar. Não é preciso jogar novamente o game para perceber que quase todas as escolhas são muito artificiais e independente da sua decisão, os resultados serão os mesmos, sendo que o que realmente acaba mudando são apenas alguns diálogos. Mesmo que isso quase não mude nada na experiência, acaba sendo um pouco estranho ter diversas escolhas que no final quase não trarão influências, se tornando algo fútil.
Mas voltando a falar de coisas boas, Marvel’s Guardians of the Galaxy consegue trazer uma ótima progressão para o jogador na aventura. Conforme você vai jogando, é possível ir coletando componentes que podem ser utilizados para desbloquear “beneficiadores”, espécies de aprimoramentos que trazem boas melhorias para Peter Quill. Porém é claro que as velhas e boas habilidades também estão presentes aqui, e podem ser adquiridas por pontos que são obtidos ao subir de nível durante os combates, contudo o que é mais interessante é o fato de que podemos desbloquear não apenas para Quill, mas também para outros Guardiões, o que vai tornando todos cada vez mais interessantes no quesito do combate.
No quesito visual, o game também dá um show em diversos aspectos. Joguei em um Xbox One S e não apenas os gráficos estavam sensacionais, como todo o level design foi muito bem trabalhado e passa a incrível vibe tanto dos filmes quanto dos quadrinhos. Toda a construção dos lugares em que visitamos (incluindo alguns já conhecidos dos fãs) é espetacular, com tudo sendo muito criativo e colorido, do jeito que deveria ser. Além disso, os visuais dos personagens também conseguem ser uma ótima adaptação dos quadrinhos, sendo que alguns são até mais idênticos que os dos filmes, e temos ainda diversos trajes que podem ser desbloqueados ao encontrarmos os mesmos pelos cenários, sendo inspirados em diferentes versões dos Guardiões. Sem sombra de dúvidas é algo que vai conquistar os fãs.
Mas se tem algo que assim como nos filmes continua excepcional aqui, é a trilha sonora. Os dois filmes do Universo Cinematográfico Marvel conseguiram incorporar as músicas de uma maneira única e que acaba sendo coerente para a história de Peter Quill, e aqui não é diferente. Pelo fato do personagem ter sido sequestrado por Yondu na década de 80, o mesmo ficou “preso” nos costumes daquela época, incluindo as músicas, então se prepare para ouvir clássicos como Holding Out for a Hero, Never Gonna Give You Up e Tainted Love, e tudo é muito bem implementado na jogatina (além de trazer aquela ótima sensação de nostalgia).
Mas é claro que o game não possui apenas músicas licenciadas, já que criaram uma banda exclusivamente para o jogo chamada Star Lord (fazendo uma clara alusão ao personagem e mostrando de onde veio a inspiração para o nome do mesmo), e vou ser sincero, as músicas dessa banda não perdem em nada para as outras, e conseguem empolgar tanto quanto as mesmas. É aquilo, Marvel’s Guardians of the Galaxy é o tipo de jogo que nos faz querer salvar a playlist de músicas de tão boas que elas são.
Ainda falando da sonoplastia, o jogo está totalmente dublado e as vozes dos Guardiões são as mesmas dos filmes, o que me surpreendeu muito e deixou a experiência ainda mais bacana. Justamente pelo fato de já estarmos acostumados com as vozes e poder escutar as mesmas aqui, nós temos a sensação de realmente estarmos revendo o mesmo grupo que vemos nos filmes, e vamos falar a verdade, os dubladores são muito bons e conseguem trazer a energia necessária para cada personagem.
Mas se tem algo que incomoda nesse game, definitivamente são os bugs, que não são poucos. Diversas falhas gráficas e de gameplay que acabam atrapalhando e muito, além de alguns que acabam obrigando o jogador a reiniciar do último checkpoint, como inimigos que ficam invencíveis ou que nem chegam a aparecer. Posso falar ainda de um momento em que o meu save acabou corrompendo, e mesmo eu não tendo perdido tanto progresso pelo fato de que o outro slot de salvamento não estar tão longe, acabei ficando com aquela preocupação de que o pior poderia acontecer a qualquer momento.
Mas e aí… esse ‘flarc’ vale a pena?
Acredite em mim, Marvel’s Guardians of the Galaxy vai te fazer esquecer daquele gosto amargo que Avengers deixou! A trama é cativante e digna dos quadrinhos, os personagens são divertidíssimos e vão te fazer rir a todo momento, os visuais são sensacionais e a trilha sonora é um show à parte. Chega até a ser engraçado o fato de que em tão pouco tempo, o grupo liderado por Peter Quill saiu do “quase anonimato” e agora chega até mesmo a receber um jogo que consegue entreter e ser divertido.
Mesmo que possua alguns bugs e o combate deixe a desejar em alguns aspectos, a partir do momento em que você passa a inserir todos os Guardiões nas batalhas e desbloqueia ainda mais habilidade, tudo fica caótico do jeitinho que a gente gosta e consegue transformar totalmente a experiência. Esse é o jogo que nós não sabíamos que precisávamos, mas que ao jogar percebemos todo o carinho que foi depositado no desenvolvimento do mesmo, ainda mais pelo nível de detalhes que o game apresenta. Independente de ser um fã ou não, Marvel’s Guardians of the Galaxy vai lhe cativar e é uma das maiores surpresas do ano!
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- Trama cativante e digna dos quadrinhos
- O grupo está mais divertido do que nunca
- Visuais sensacionais
- A trilha sonora dá um show e é marcante
- O combate em grupo consegue empolgar
- Dublagem espetacular
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- O combate solo deixa a desejar
- As escolhas são superficiais
- Bugs que atrapalham a experiência
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