Análises

Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm

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Prepare sua mochila, sua e espada e escudo, e bora velejar!

Oceanhorn 2 é a continuação de um já excelente RPG de ação, e nessa nova instalação temos melhorias significativas de verdade.

Vamos falar um pouco de Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm. A primeira coisa importante a se comentar (e comemorar) é que ambos os jogos da franquia haviam sido lançados para as plataformas da Apple, como o iOS Arcade e semelhantes, e só depois de pouco tempo é que foram portadas para os consoles caseiros e PCs com Windows, motivo pelo qual eu acredito que eles acabaram passando batidos por mim na época.

Mas o mundo dá voltas, e cá estamos hoje podendo curtir mais um episódio dessa saga no conforto dos nossos aparelhos de entretenimento caseiros. Desenvolvido e distribuído pelo estúdio finlandês, Cornfox & Bros., Oceanhorn 2 é um ótimo RPG de ação que mais acerta do que erra nas escolhas de design e gameplay, e isso é o que realmente importa no final das contas. Esta análise é baseada na versão do Nintendo Switch, com o código de análise fornecido ao vgBR, então com tudo em mãos, vamos nessa.

Para quem jogou e curtiu o primeiro game, vai perceber logo de cara que a dinâmica mudou bastante. Ao invés de termos uma visão mais aérea, digamos que “de cima”, a continuação de Oceanhorn adota uma câmera em terceira pessoa, deixando a exploração, as batalha e resolução de puzzles algo mais legal, mais próximo, algo que conseguimos nos conectar melhor com o universo do jogo.

No início da jornada.

Falando em conectar melhor, o jogo é totalmente legendado em português brasileiro caso assim desejarem. As legendas, menus, mensagens na tela, estarão todos em nosso idioma, com exceção da dublagem em si, as vozes, que estão em inglês. Trabalho muito bem feito por parte dos dubladores, diga-se de passagem. A maioria dos diálogos são falados, além de comentários que seus amigos fazem ao exploramos uma dungeon ou ao enfrentarmos um inimigo diferente, gostei bastante.

Em Oceanhorn 2 encaramos uma prequela que acontece 1000 anos antes dos eventos do primeiro jogo, a beira do retorno de um terrível feiticeiro/ Mago, Mesmeroth e seu exercíto de cavaleiros negros que planejam o domínio de Gaia – o nosso mundo, através do medo, sangue e guerra.

Cabe nosso herói mudo e sem nome, um recém formado cavaleiro de Arcadia, por um fim nas ambições malignas da força opositora junto de dois aliados, a princesa do reino e um robô de espada que não fazem nada para lhe ajudar além de pisar em dispositivos e ocasionalmente atacar. Em resumo, você está sozinho nessa, meu amigo.

A cidade mais bonita do jogo, the White City.

Embora a premissa do enredo seja bem simples e um tanto genérica a primeira vista, a história é legitimamente boa. As coisas se desenvolvem de maneira bem rápida e começam a tomar proporções bem legais do que já tínhamos bem lá no início da jornada. Mesmo que seus amigos não façam muito no quesito jogo, eles agregam consideravelmente ao enredo, é possível se apegar bastante aos seus aliados pois estão sempre promovendo comentários que enriquecem o que estamos passando por ali.

Mas e o jogo em si? As batalhas, exploração? Eu adianto aqui que eu gostei bastante, de verdade mesmo, embora eu não concorde com muita coisa que eu vou tentar explicar nessa análise. Nenhum dos pontos negativos que irei comentar primeiro serão tão fortes a ponto de fazer o jogador desistir de jogar, na verdade, longe disso. Mas irrita? Sim, e como irrita.

Um dos muitos meios de transporte do game.

Como foi mencionado mais acima, movemos nosso herói em ambientes cheios de coisas para interagirmos em terceira pessoa. Podemos executar algumas ações básicas logo no início do jogo como correr, escalar, pegar vasos e caixas, bater com nossa espada e darmos um tiro de pistola, coisa que me trouxe lembranças de Dark Cloud 2 inclusive, excelente jogo.

Até aí tranquilo, ao avançarmos um pouco, nos deparamos com a primeira coisa que eu não acho que é um problemão, mas eu detesto; o pulo automático. Gente, como isso atrapalha, correr na beirada para o personagem saltar é super normal, mas quando estamos tentando lidar com pulos de precisão, esquece, você vai pular errado, vai rolar e pular novamente, é um desastre. O jogo está cheio desses momentos de aventura onde, nesses casos, um controle bom para esse tipo de ação é necessário.

Gostaria que a mira tivesse um pequeno auxílio, mas não é ruim.

Outro fator que me incomoda muito nesse jogo é a falta de poder mirar, o famoso lock-on nos inimigos. Como é que um jogo desses não tem uma mecânica tão simples e tão necessária? Compreendo que é um jogo de celular, mas não consigo ver motivos para justificar a ausência disso, até porque o lock-on MEIO que existe, sabe? Veja bem, após adquirir o escudo e apertar o botão de defender, seu personagem mira diretamente no alvo, mas ao largar, a mira simplesmente perde o foco, porque isso?

Por fim, a última coisa que me tirou um pouco do sério é a inteligência artificial dos amigos, ou melhor, a ausência dela. A primeira coisa que eu encarei que eu tive que recorrer a uma ajuda online é porque o que o jogo explica para fazer, ele simplesmente não faz.

Confuso? Vou contar exatamente o que aconteceu nessa parte. Um pouco mais adentro na primeira dungeon do jogo, na segunda parte da floresta, temos que encontrar nosso pai em uma fortaleza. Show de bola, vou lá, derroto os inimigos, pégo os itens e tudo mais, e aí encontramos o nosso primeiro aliado, o robô mecânico de espada Gen.

Emboscadas são bem comuns.

Ao falar com ele, ele nos explica que podemos designar algumas ações para ajudar a resolver uns puzzles, ações como direcionar o personagem para pressionar um botão ou atingir algo a distância. Ok, legal, faço que tem que ser feito e me deparo com a segunda barreira, uma alavanca num local inatingível, o que era de se esperar por conta do “tutorial”. 

Peço pro cara acionar a alavanca, miro direitinho lá, a ação aparece de fato para seu aliado fazer, e o que ele faz? Nada, fica paradão. E até o presente momento nunca fomos ensinados que dava para arremessar coisas, somente erguer e deixar no chão, assim como instruídos pelos comandos in-game.

Encalhei ali, tentei de tudo, lí os livros, procurei outras alternativas e nada. Pronto, né? Fui dar um pulo na internet para ver se meu jogo tinha bugado, mas não tinha não, o que era para fazer na verdade era jogar um barril na alavanca, erguendo primeiro o item, mirando com o botão ZL e DEPOIS apertar o ZR para jogar longe. 

As cutscenes são todas muito bem construídas, bem pensadas.

O jogo simplesmente não explica muita coisa, e uma coisa dessas é de tirar a paz do jogador mesmo, e não para por aí, até perto do final do jogo quando somos introduzidos mais mecânicas, somos jogados ao “achismo” das paradas, um saco.

Mas nem tudo é ruim, certo? Vamos os pontos positivos do game. Primeiramente é o que temos logo que iniciamos o jogo, o gráfico é bem bonitinho, cenários coloridos, bem montados, texturas e efeitos de luz são bem maneiros. 

Departamento artístico num geral é bem competente, gosto muito dos personagens e da maneira que eles conversam entre si, assim como os ambientes temos a impressão que não são jogados ao acaso.

Jogar Oceanhorn 2 é uma tarefa bem prazerosa, gosto muito de explorar cada coisinha, coletar bobagens e achar meios interessantes para solucionar alguns quebra-cabeças mais inteligentes, e o jogo é repleto dessas coisas. 

Além de coletarmos itens que recuperam recursos como os próprios itens cura, temos também para as balas da pistola comum e das elementais que obtemos mais adiante no jogo.

Nosso herói sobre de ranque ao derrotarmos inimigos ou acharmos locais novos no mapa. Esses ranques geralmente fornecem alguns itens e recuperam todo seu HP. HP cujo qual aumentamos ao coletar 3 peças para formar um inteiro, heart piece de Zelda, basicamente.

Para encerrar, ainda podemos tentar alguns desafios in-game que também vão conceder certas recompensas. Algo como os “troféus” do jogo. Nesses desafios estão entre eles derrotar um certo número de inimigos, derrotar inimigos derrubando uma pedra, saltar um local distante, coletar armas dos inimigos e com elas, derrotar outros, e por aí vai.

Oceanhorn 2 é bem bom, vale muito a pena. É uma aventura que vai levar cerca de 20 horas para terminar a campanha e mais umas 10 ou 15 caso queira ir para o lado de completar mesmo o jogo. Eu julgo ser um must-buy, foi uma surpresa agradável pra caramba pra mim.

Pros

  • Jogabilidade agradável.
  • Personagens marcantes.
  • Gameplay variado.
  • Dificuldade na medida.

Contras

  • Inteligência artificial muito fraca dos aliados.
  • “Para onde vou agora” estilo de jogo.
  • Não tem um lock-on nos inimigos.
  • Saltos automáticos são péssimos para precisão.

Fábio Kraft
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