Shinobi: Art of Vengeance
Em 2023, a SEGA fez um anúncio ousado: cinco franquias clássicas de seu catálogo seriam revividas. Entre elas, nomes de peso como Crazy Taxi e Jet Set Radio chamaram a atenção, mas foi Shinobi quem acabou liderando a fila com Art of Vengeance, o primeiro jogo da série desde 2011. Desenvolvido pelo estúdio francês Lizardcube (o mesmo de Wonder Boy: The Dragon’s Trap), o game chegou com um estilo visual vibrante, acompanhado de prévias muito positivas — e depois de jogar, posso dizer: a SEGA acertou em cheio.
Este é não só um retorno digno de um dos ninjas mais icônicos dos videogames, como também um dos melhores jogos de plataforma lançados nos últimos anos.
História e narrativa
Em Shinobi: Art of Vengeance, acompanhamos Joe Musashi, o lendário ninja, em uma jornada de vingança depois que sua vila é queimada e seu clã transformado em pedra. Confesso que, de início, não esperava grande foco na história — afinal, a série nunca foi exatamente conhecida por isso. Mas me surpreendi: o jogo é totalmente dublado e traz cutscenes em todas as fases, criando uma sensação de continuidade que prende mais do que eu imaginava.

A trama não é o ponto central da experiência, mas cumpre bem seu papel, com personagens memoráveis e uma direção de voz que dá peso às cenas. O clímax da fase final, em especial, fecha a narrativa de forma marcante e deixa tudo redondinho.
Jogabilidade e movimento
Aqui está o coração do jogo: a jogabilidade. Diferente do que muitos poderiam imaginar, Art of Vengeance não é apenas um simples plataforma 2D linear. Ele mistura elementos de metroidvania, com upgrades de movimento e exploração de áreas secretas. Joe Musashi se movimenta de forma fluida e precisa: temos dash aéreo, gancho, planador, pulo na parede e outras habilidades que tornam o ritmo ágil e variado. As fases são semi-lineares, mas muito bem desenhadas para aproveitar cada recurso do personagem.

O jogo não tenta reinventar o gênero — ele revigora a fórmula. Cada fase é uma aula de design, cheia de desafios criativos que exigem reflexos cada vez mais afiados. O começo ensina com calma, mas o final vai testar até jogadores experientes.
Elementos de exploração
Um ponto que diferencia Art of Vengeance são seus toques de metroidvania. Ao longo da campanha, Joe desbloqueia novas habilidades que permitem voltar a fases anteriores para explorar segredos. A princípio, achei que o fast travel deixaria essa exploração sem graça, mas foi justamente o contrário: os mapas são grandes demais para exigir que o jogador refaça tudo do zero, então os pontos de viagem rápida tornam a experiência prática e divertida.
As recompensas também valem a pena: amuletos, medalhas de Oboro e inimigos de elite escondidos tornam cada volta ao mapa empolgante. Isso cria um ciclo de progressão viciante, em que cada nova habilidade realmente abre portas para áreas mais complexas.
Combate e chefes
O combate é outro ponto alto. Joe pode realizar combos corpo a corpo, lançar kunais, usar técnicas especiais e até golpes de tela inteira. Com a loja e os amuletos colecionáveis, o arsenal cresce bastante, oferecendo diversas possibilidades de personalização. Os inimigos têm padrões bem definidos e lutas justas, mas desafiadoras. Muitos possuem barra de armadura, exigindo ataques específicos para quebrá-la. Já os golpes roxos são inevitáveis, forçando atenção ao cenário e ao tempo de resposta. Finalizar inimigos com execuções é a cereja do bolo: brutal, estiloso e recompensador.

E os chefes? Simplesmente espetaculares. Cada um exige domínio dos movimentos e oferece batalhas memoráveis. São confrontos intensos, que se destacam dentro do gênero e mostram que a Lizardcube caprichou para fazer justiça à franquia.
Visual e estilo artístico
Um dos maiores trunfos de Art of Vengeance é sua direção de arte. Ao invés de seguir pelo caminho da pixel art retrô, o jogo aposta em visuais desenhados à mão, vibrantes e cheios de personalidade. Cada fase parece uma pintura em movimento, e até as skins alternativas de Joe — mesmo sendo apenas trocas de cor — têm um charme especial.

Esse estilo não só moderniza Shinobi, como também cria uma identidade nova para a série, que pode (e deve) ser explorada em futuros jogos.
Conteúdo extra
Depois de terminar a campanha, o jogo libera o Boss Rush (excelente) e o Arcade Mode. Este último coloca ranking e pontuação em cada fase, avaliando tempo, inimigos derrotados e segredos encontrados. É um modo divertido para quem gosta de competir consigo mesmo, mas confesso que achei meio repetitivo — afinal, são as mesmas fases outra vez.

Ainda assim, o game oferece os Rifts, desafios opcionais de plataforma extremamente difíceis, que rendem ótimas recompensas. São trechos curtos e criativos que mostram o potencial máximo do level design. Na minha opinião, versões estendidas desses desafios seriam mais interessantes do que o Arcade Mode.
VEREDITO
Trazer de volta uma franquia clássica nunca é fácil, mas Shinobi: Art of Vengeance prova que é possível fazer isso com maestria. O jogo equilibra plataforma 2D e combate de ação de maneira brilhante, entrega desafios opcionais que valem a pena e ainda apresenta um estilo visual de cair o queixo. Com cerca de 15 a 20 horas de campanha, mais extras para quem quiser completar tudo, este é um retorno triunfal de Joe Musashi e um dos melhores jogos do gênero em 2025. Se este é o nível que podemos esperar dos próximos revivals da SEGA, então os fãs podem ficar tranquilos: estamos em boas mãos.
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