É com um sorriso monstruoso no rosto que eu trago pra vocês a análise de Dandara, que é um game indie brasileiro desenvolvido pela Long Hat House e distribuído pela Raw Fury. O game está disponível para PC, Nintendo Switch, Xbox One, PS4 e Mobile.
Eu sempre fui muito fã do gênero metroidvania. Principalmente de títulos que são extremamente marcantes para a maioria dos gamers por sua ambientação impecável, jogabilidade perfeita, gráficos e trilha sonora sem iguais como Super Metroid e Castlevania: Symphony of the Night. são poucos os títulos no gênero que se equiparam a esses dois jogos, e eu arrisco dizer sem demagogia que Dandara pra mim vai entrar nessa lista. Não só é o melhor jogo brasileiro que eu já joguei como um dos títulos indie mais marcantes da história dos games. Com toda certeza eu posso adiantar que esse game não é “pra um jogo BR até que é legal“. Dandara é um game fantástico e ponto!
Quero começar essa análise dizendo como sempre amei os heróis e heroínas dos games, como o Kratos é um personagem fantástico por traduzir a mitologia Grega de forma sensacional e dinâmica, como a história de John Marston reflete o Western como gênero e como história dos EUA, como um CJ de GTA San Andreas é carismático e uma caricatura de uma realidade do gueto dos Estados Unidos e como para mim, historiador e gamer desde criança, Dandara é a personagem que traduz nossa história e representa tudo que significa ser brasileiro sem precisar ser enfático, apenas colocando uma referência e criando tudo em volta da ambientação de forma fluída, incrível e inteligente.
Sem muitas delongas, Dandara é uma heroína negra do período colonial do Brasil, trazida no game como uma entidade que desperta para salvar o mundo de Salt que está a beira do colapso. O game traz um mundo que é uma mistura do nosso mundo com um mundo esotérico onde arte e espírito estão conectados. Nada disso é explicitamente dito, o game conta o enredo de maneira majestosa com elementos de cenário (como placas de trânsito e semáforos que indicam que estamos entre-planos) e NPCs que estão repletos de referências e falas importantes para quem quer entender um pouco mais do universo (sem muito spoiler em determinado momento trombamos com uma espécie de Abaporu, obra da artista brasileira Tarsila do Amaral). A ambientação é um dos pilares do game que carece de muitas falas e aposta numa progressão de enredo conectada com seu gameplay, na minha opinião uma das escolhas mais acertadas do game, sem tutoriais chatos e meia hora de falação; com apenas poucos minutos já estamos dominando as mecânicas e entendendo o “enredo” através de cenários e elementos visuais.
O maior ponto positivo do game depois da ambientação e referências históricas e artísticas é com certeza o gameplay. O game poderia muito bem apostar num gameplay comum plataforma metroidvania que já estaria ótimo, mas não. A inovação que da toda uma dinâmica nova é a forma como Dandara se movimenta através dos pulos. Dandara não se movimenta de forma comum andando para frente e para trás ela apenas se movimenta através dos pulos. Você direciona e pula para qualquer lado e terá que encontrar uma plataforma para pular e pular para a próxima, pular para cima, para a diagonal e etc. A câmera do game se adapta conforme você vai pulando pois não existe limitação para os saltos. Quando você pular para uma parede que irá se transformar no seu novo chão, a câmera irá se movimentar tornando aquele novo local o chão e a parede se tornará o solo que você ocupava anteriormente. Os puzzles e mecânica de combate são todos baseado nessa mecânica pois existem plataformas que você não consegue acessar nos saltos. Dandara ainda solta um raio pelas mãos no mesmo esquema do direcional 360º, aperte segure e mate seus inimigos. O ponto chave aqui é velocidade, pular numa plataforma no teto e logo em seguida no chão para acertar um inimigo e sair para a parede o mais rápido possível é o que torna o gameplay dinâmico, desafiador e genial. Algumas plataformas você tem tempo até te atingirem, outras irão se movimentar apenas quando acessar algumas habilidades artísticas e outras estarão repletas de inimigos. Precisão e velocidade irão ditar se você sobreviverá ou não. A mecânica é simples, intuitiva e totalmente divertida, se misturando com os elementos narrativos de maneira sensacional. As habilidades e formas de desbloquear novos locais já visitados antes (no melhor estilo metroidvania) estão misturados com elementos da narrativa. Você libera arte ao encontrar NPCs da cultura brasileira que lhe presentearão com algum aspecto artístico que Dandara não possuía antes, liberando diversos locais novos em mapas antigos. Além disso Dandara conta com upgrades de vida, poder, poções de cura e etc. Esses upgrades são feitos com pontos que você consegue matando inimigos e coletando itens no cenário.
Os gráficos estão no melhor estilo pixel-art com cores incríveis. Os efeitos estão muito bons e o visual da protagonista, dos cenários e dos NPCs são um show a parte, não só de um extremo bom gosto mas de um carisma infinito também. Da mesma forma é a trilha sonora que é lindíssima e nostálgica de uma maneira esplendida. A forma que o game brinca visualmente com a mistura de mundos atrelando esse conceito a arte e ao gameplay ao mesmo tempo, mudando sua perspectiva não só da câmera mas de entendimento visual e narrativo… me deixou sem palavras.
Dandara é um game perfeito. É um jogo que ultrapassa a qualidade normalmente atribuída a games nacionais e não só isso mas também entra no Hall de jogos indie da minha vida, repleto de referências incríveis. Com ambientação fantástica, design de bom gosto, enredo cativante e gameplay inovadorDandara é um game obrigatório para todos os gamers brasileiros e que eu tive a sorte de ter feito o review.
Pontos Positivos
- Gameplay divertido
- Enredo repleto de referências
- Ambientação fantástica
Pontos Negativos
- Gráfico pixel-art pode ser um ponto negativo para alguns
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