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Dragon Quest Heroes II – Análise

Fanservice divertido
Dragon Quest Heroes II é um jogo que coloca diversão em primeiro lugar expandindo o primeiro com dezenas de horas de missões extras e vários personagens clássicos.

Dragon Quest Heroes II é um RPG de ação produzido pela Omega Force e publicado pela
Square-Enix.

Antes de mais nada, gostaria de comentar que sou muito fã da série Dragon Quest e que
considerei o Dragon Quest Heroes original o melhor jogo lançado em 2015 – um jogo que eu
não dava muita importância, mas com o qual me diverti horrores.

Claro que não se tratava de algo perfeito (muito longe disso). Havia muita coisa para melhorar
e expandir a partir dos alicerces existentes. Essas melhorias vieram nessa sequência. Dragon Quest Heroes II superou todas as minhas expectativas e se consagra como o melhor spin-off dessa franquia de 30 anos de estrada.

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OS SOLDADOS REAIS

A história de Dragon Quest Heroes II se passa na terra pacífica dos Sete Reinos, que, por uma profecia anciã, entraram em guerra. Eis que surgem nossos heróis, Lazael e Teresa, na busca pela paz.

Ao longo do caminho, eles encontram diversos personagens da série Dragon Quest, alguns que voltaram do jogo anterior e outros completamente novos, como Torneko (Dragon Quest IV), Maribel (Dragon Quest VII) e Carver (Dragon Quest VII).

Alguns personagens do jogo anterior voltam para o modo história, mas outros ficam restritos somente ao modo multi-jogador (como Yangus, infelizmente). Aqueles que conhecem mais a fundo a série com certeza vão curtir mais o fan-service, porém, o foco aqui é a pancadaria.

A história é bem simples e com reviravoltas previsíveis, então, não há necessidade de jogar os outros títulos da série com esse intuito, apesar de valerem a pena.

O MUNDO DO POETA

Não sei se é impressão, mas gráficos com pegada mais cartunesca tendem a envelhecer melhor do que os realistas, e Dragon Quest Heroes II mostra isso com eficiência, pois ele não dá um grande passo em relação ao original. É, inclusive, o mesmo motor gráfico, contudo, ainda sim, em 2017, continua um jogo muito bonito.

Agora os cenários são mais vastos, com bastante detalhes e hordas de monstros andando para lá e para cá. Os efeitos de luz estão um pouco mais aperfeiçoados. Apesar de ainda existir muita iluminação estática (nos objetos), ela não deixa a desejar – o uso intenso de uma iluminação dinâmica iria comprometer bastante o desempenho da engine gráfica que roda a 60 quadros por segundo com quedas ocasionais.

As texturas variam de ótimas até boas e a modelagem dos personagens e monstros estão impecáveis! Conseguiram caprichar até nos personagens não-jogáveis, como o pessoal das cidades.

Como sempre, a arte de Akira Toriyama vai dividir opiniões. Eu, pessoalmente, gosto muito e
acho que não tem que faça o sangue ferver mais do que ver os personagens em High Tension
ficando com cabelo espetado à la Goku desferindo uma magia em monstros que mais parecem aqueles bichos do mundo de Dragon Ball.

As animações em CG estão ainda melhores que as originais. Para os fãs, então, é um show à parte, pois ver aqueles personagens marcantes, que antes eram meros pixels, com essa qualidade toda em 3D e descendo o porrete não tem preço! Recomendo não pular nenhuma animação pois realmente valem conferir!

VOANDO PARA OS CÉUS

O que dizer da trilha de um jogo da série Dragon Quest? Assinada por Koichi Sugiyama, temos uma compilação de músicas de Dragon Quest até Dragon Quest VIII. Nada de material novo, infelizmente, mas a falta de novidade é compensada pela qualidade: muitas das faixas daqui nunca tinham sido reproduzidas com essa fidelidade (especialmente nos jogos mais antigos).

Dragon Quest VII foi o primeiro jogo que eu joguei da série, e quase chorei quando ouvi “Moving Through the Present” ao me dirigir à Dunisia ou mesmo quando entrei numa área de floresta e tocou “Wandering Through the Silence”, que é a música do mapa do mundo dos espíritos de Dragon Quest VI. Para muitos, o maior fanservice do jogo é voltado aos personagens, mas para mim nada traz mais nostalgia que a trilha sonora, principalmente em uma série como essa, em que a música sempre teve um papel importante, mantendo a identidade por mais de 30 anos.

A dublagem ficou maravilhosa! Os atores parecem se divertir com os papéis atribuídos e o inglês britânico dá um charme a mais. Os efeitos sonoros variam daqueles mais modernos até os clássicos efeitos de 8 bits, como o da magia Zoom ou mesmo de qualquer magia elemental.

E o que seria de Dragon Quest sem os tradicionais jingles? Todos estão presentes no jogo, como o famoso jingle de subida de nível e o de guardar seu progresso. O único que irrita um pouco é o de quando completamos uma quest: ele é demasiadamente longo e cansa quando você tem várias quests para reportar.

MEU CAMINHO, MINHA JORNADA

Quando anunciado, Dragon Quest Heroes foi criticado como apenas “mais” um clone dos jogos “Musou”(originalmente Sangoku Musou), da própria desenvolvedora. Nunca fui um apreciador desse tipo de jogo e a princípio, o encarei com um certo preconceito. Algumas horas de jogatina depois e percebo como eu estava enganado.

Por mais que exista uma raiz forte de “Musou” na série Heroes, o que vemos de fato vai muito além disso. Os elementos de RPG e estratégia são muito evidentes e em Dragon Quest Heroes II são vistos como uma grande expansão do que eram no original, mas muito mais polidos e cheios de novidades.

Dentre elas, a mais evidente é a mudança da maneira que viajamos pelo mundo: enquanto no primeiro jogo era basicamente um mapa com pontos para serem explorados, em Heroes II nós temos um mapa explorável de verdade, com diversos lugares a serem descobertos.

Apesar de não ser totalmente mundo aberto, a sensação de liberdade é bem notável e lembra bastante outros jogos da Square-Enix, como Final Fantasy XII, com áreas segmentadas por telas de carregamento.

A parte do combate propriamente dito, nós controlamos sempre apenas um personagem, podendo alterá-lo a qualquer momento com um apertar de botão. A equipe é formada por 4 membros e cada um tem habilidades distintas. O ideal é formar uma equipe balanceada para não ter problemas com inimigos específicos, como o Stone Golem, que tem uma defesa muito alta e precisa de alguém com machado para enfraquecê-lo, ou seja, é como um RPG mesmo.

Enfrentamos muitos, mas muitos, inimigos ao mesmo tempo. Há momentos em que a situação fica mega caótica, mas é sempre divertido. Tem alguns golpes que até mandam os monstros para o ar, é prazeroso demais! A câmera funciona muito bem e, por sorte, até implementaram uma configuração para deixar ela mais afastada, o que é uma mão na roda na hora de planejar a próxima investida.

Voltando de forma expandida, os Monster Medals agora vêm em diferentes tipos, sendo um deles possível controlar diretamente o monstro. Eles são muito fortes e valem a pena guardar para usar na hora certa. Um dos mais divertidos de usar é um monstro que se parece com uma nuvem, pois ele paira por cima do campo de batalha desferindo raios. Esse tipo de situação cria um diferencial para um jogo em que a repetição pode se tornar cansativa.

O povo pediu e a Square-Enix atendeu: Dragon Quest Heroes II conta com um modo multi-jogador online, no qual podemos fazer as missões de história em cooperativo ou mesmo encarar mapas desenvolvidos somente para esse modo, aumentando drasticamente o valor do jogo e sua longevidade.

ALÉM DO HORIZONTE

Nunca foi tão bom ser fã de Dragon Quest como agora, com o lançamento deste excelente spin-off e com Dragon Quest XI a ser lançado ainda este ano! Estamos vivendo uma época de ouro para uma das mais clássicas franquias do mundo dos games, uma série que nunca fugiu de suas raízes e sempre mostrou que em time que está ganhando não se mexe.

Dragon Quest Heroes II não é somente o melhor spin-off da série. É também o melhor jogo que a Omega Force já produziu! Um jogo que coloca diversão em primeiro lugar expandindo o primeiro com dezenas de horas de missões extras e vários personagens clássicos.

Pontos Positivos

  • Divertido e longo, aqui você terá muitas horas de diversão
  • Um jogo bonito e com performance na medida
  • Trilha sonora clássica

Pontos Negativos

  • Ainda é mais do mesmo do original
  • Algumas limitações de streaming por culpa de copyright
  • Pode ainda parecer repetitivo para alguns
David Signorelli

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