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30, jan 2025
8.5
Liberte o mal que existe em você — ou será esmagado por ele.

Em Ninja Gaiden II Black, o caos encontra disciplina. Ryu Hayabusa retorna em um banho de sangue e precisão, com combates renovados, performance impecável e o mesmo espírito implacável que moldou sua lenda. Um clássico modernizado sem perder a alma.

NINJA GAIDEN 2 Black

Poucos jogos conseguem carregar o peso da própria lenda como Ninja Gaiden II. Desde seu lançamento original em 2008 no Xbox 360, ele se consolidou como um dos títulos mais desafiadores — e gratificantes — do gênero hack and slash. Mas aqui vai a verdade que muitos evitam: ele também era imperfeito. Sua câmera, seus picos de dificuldade mal calibrados e seus momentos de frustração gratuita dividiram opiniões. Ainda assim, algo nele permanecia inegável: a sensação crua e visceral de dominar o caos.

Agora, com o remaster silencioso, mas cuidadoso, lançado no início de 2025, a Team Ninja entrega uma versão atualizada que não tenta reinventar o jogo — apenas amplificá-lo. E, sinceramente, esse respeito à essência é o que faz este retorno de Ryu Hayabusa tão impactante quanto necessário.


Uma dança sangrenta com lâminas afiadas

Ninja Gaiden II Black não é um jogo que quer agradar todos. Na verdade, ele parece desconfiar do jogador desde o início. A dificuldade, mesmo no modo mais acessível, exige atenção total. Cada movimento precisa ser intencional. Cada inimigo é uma ameaça real, e não um boneco esperando o abate.

As mais diversas armas só contribuem com a variedade do gameplay.

Esse é o ponto central: o combate aqui continua sendo uma aula de controle. A variedade de armas, de espadas duplas a tonfas, cada uma com seu peso, ritmo e personalidade, faz com que o jogador não apenas lute, mas aprenda a lutar de verdade. A curva de aprendizado é íngreme, mas a recompensa vem na forma de domínio e fluidez.

O remaster aprimora isso com taxas de quadro estáveis (120 FPS), tempo de resposta quase instantâneo e animações retocadas que deixam o combate ainda mais satisfatório visualmente. A brutalidade agora tem elegância.


Visual modernizado, mas fiel

A grande sacada da Team Ninja foi entender que o visual do original tinha estilo — o contraste entre o sangue, os tons escuros e os brilhos sutis de cenários urbanos e templos amaldiçoados criava uma identidade forte. O remaster não muda isso. Em vez de um redesign total, opta por um aprimoramento respeitoso: texturas em alta definição, iluminação renovada, partículas mais detalhadas, sem transformar a estética em algo genérico ou “plastificado”.

Você não terá um minuto de paz… ainda bem!

O resultado é um jogo que ainda parece saído de 2008 — no melhor sentido. Ele mantém a atmosfera de um clássico da era 360, mas com polimento suficiente para não soar datado.


Ryu Hayabusa: a arma definitiva

Personagens silenciosos muitas vezes servem como espelhos para o jogador, e Ryu é exatamente isso. Frio, preciso e absolutamente mortal, ele não precisa de longos monólogos para se impor. Suas ações falam por ele — especialmente quando está cercado por meia dúzia de demônios, ninjas robóticos ou guerreiros de clãs rivais.

Os visuais ficaram incríveis nessa versão.

Neste remaster, as transições entre ataques, esquivas, pulos e contra-ataques são incrivelmente suaves. Tudo responde com perfeição. A câmera, embora ainda tenha seus momentos de tensão em corredores estreitos, foi ajustada para ser mais obediente, menos punitiva. Ainda exige controle, mas agora é mais aliada do que inimiga.


A dificuldade continua sendo uma filosofia

Você vai morrer. Muitas vezes. E isso não é um problema — é parte do pacto que o jogo estabelece com o jogador desde o primeiro confronto. Não se trata de ser injusto, mas de exigir atenção e respeito às mecânicas. Compreender os padrões de inimigos, explorar o timing certo das magias Ninpo e saber quando atacar ou recuar é essencial. Em um mundo onde jogos oferecem checkpoints a cada esquina, Ninja Gaiden II Black Remaster obriga o jogador a se comprometer com cada batalha.

Parece vilão de RPG, né?

E é por isso que a sensação de vitória aqui tem um sabor raro. Você não sobreviveu por acaso — você aprendeu a vencer.


Trilha sonora e ambientação: caos com ritmo

A música segue a mesma linha do remaster: não reinventa, apenas intensifica. Riffs de guitarra combinam com instrumentos tradicionais japoneses, criando um contraste entre o moderno e o ancestral. A trilha sonora sustenta o clima de tensão constante, mas nunca rouba a cena — ela está lá para amplificar, não distrair.

As cutscenes foram remasterizadas com suavidade, mantendo o estilo cinematográfico da época, mas com mais nitidez e fidelidade sonora. Não há novas falas, não há reconstruções — e isso é uma escolha acertada. A narrativa sempre foi mais um pano de fundo do que um motor narrativo. O foco sempre foi a ação, e o remaster entende isso perfeitamente.


Outros personagens, outros ritmos

Além de Ryu, o jogador pode desbloquear personagens como Rachel, Ayane e Momiji. Cada uma delas tem um estilo próprio, com animações e estratégias únicas. Elas funcionam como uma extensão do conteúdo original e não como mero fan service. Ayane, em particular, se destaca por seu estilo ágil e seus ataques baseados em precisão cirúrgica.

Diretamente de Dead or Alive, aqui está Ayane!

Essas adições servem como uma variação de ritmo, oferecendo novas formas de experimentar o jogo — especialmente para quem já decorou o caminho de Ryu.


VEREDITO

Ninja Gaiden II Black não é uma carta de amor — é uma carta de guerra. Ele não quer que você apenas lembre do passado; ele quer que você reviva, sue e sangre como antes. A Team Ninja entrega um trabalho que não se dobra às exigências modernas de conforto ou instantaneidade. Em vez disso, oferece um jogo cru, implacável, mas absolutamente recompensador. Não é um remaster que tenta convencer novos públicos. É uma homenagem honesta aos que sabem o que é encarar um chefe com a barra de vida no vermelho e as mãos suando no controle.

Em tempos de jogos cada vez mais assistidos e cada vez menos jogados, Ninja Gaiden II Black é um lembrete do valor da maestria, da repetição e da superação. Prepare-se para sofrer. Mas prepare-se, também, para evoluir.

David Signorelli

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