Análises

Pathfinder: Kingmaker – Análise

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RPG de mesa no PC
Obrigatório para os fãs de Pathfinder e D&D, mas talvez não agrade os que desconhecem o RPG de mesa, pois é ultrapassado e travado em muitos aspectos.

Pathfinder: Kingmaker é um game de RPG em visão isométrica, com combate tático em tempo real desenvolvido pela galera da Owlcat Games e extremamente baseado no RPG de mesa da Paizo, Pathfinder.

RPGs de mesa foram uma febre enorme nos anos 80, uma febre que está voltando com força total nos últimos anos. Novas edições de Dungeons and Dragons, Vampiro a Máscara e o próprio Pathfinder vem sendo lançadas para acompanhar a crescente onda de pessoas que estão aderindo ou re-aderindo o hobbie. Foi pensando em agradar os fãs e estabelecer novos jogadores que a galera do Pathfinder abriu um crowdfunding, bateu a meta e lançou Pathfinder: Kingmaker para PC.

Quero começar pelo começo, a criação dos personagens e a influência violenta do game original (RPG de mesa). Tudo, absolutamente tudo de mais clássico está lá para criar seu personagem, as raças principais, como Humano, Meio-Orc, Elfo, Anão, Gnomos, Halflings. As classes e sub-classes, são dezenas delas, desde o Fighter, Wizard, Bard e Druid, até Alchemist, Archaeologist e Magus. A criação aqui é exatamente como numa ficha de papel, os atributos são alocados, as raças e bônus raciais definidos, suas classes e gamas de habilidades, os feats, as skills, tudo! É extremamente empolgante criar um personagem aos moldes de um hobbie que eu sou apaixonado, criar os combos básicos e etc. Assim como no RPG de mesa não adianta criar apenas um brutamontes porradeiro, as perícias e habilidades são fundamentais em sua jornada, um bom Perception para encontrar armadilhas e um Persuasion para convencer aquele NPC a fazer o que você deseja são coisas muito bem utilizadas ao longo da campanha, mas é claro que, uma Constitution baixa pode levar você as Portas da Morte muitas vezes, chegando até a de fato morrer.

O enredo do game começa simples, vai se espreguiçando nas possibilidades e evolui até fazer jus ao título “Kingmaker”. O clássico “estamos contratando” é o punchline principal do game, uma tarefa simples e uma recompensa tentadora. O personagem principal e outros são mandados até Stolen Lands para destruir um grupo de ladrões e tomar posse do local, quem conseguir tal tarefa ganha o título de barão e a posse das terras que há muito é constantemente atacada em busca da tal posse. Óbvio que as coisas dão erradas e a partir dai uma jornada cheia de reviravoltas e escolhas inicia. A parte interessante de tudo isso é, você a partir de um ponto faz as coisas da forma que acha necessário e na velocidade que julga interessante, óbvio que a experiência real do RPG de mesa é insustentável (por enquanto) ser transportada exatamente como deveria, com escolhas infinitas e improvisação da parte do DM, mas você tem sim algum controle sobre suas próprias decisões e as consequências virão. Não quero dar muitos spoilers sobre a trama, mas aguarde algo nos moldes Game of Thrones, traições, alianças, guerras, e muita exploração e combate.

O gameplay não me agradou entretanto. Eu não gostei de como o sistema tenta agradar Gregos e Troianos. O game não tem um combate tático em tempo real como um Diablo, tampouco um combate tático em turnos, ele brinca num meio termo desinteressante e completamente inorgânico. O combate rolará automaticamente se o jogador não influenciar em nada, porém de tempos em tempos ao pressionar o Espaço, a tela congelará e comandos podem ser realizados aos personagens, que realizarão quando conseguirem. Algo que remete ao sistema de pausa dos antigos Baldur’s Gate.

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Na minha opinião caberia aqui um turn-tatical facilmente ao invés desse combate que ao mesmo tempo pode ser rápido ou extremamente travado. Outro ponto negativo são os usos das spells em área, não fica claro o suficiente como elas funcionam, se basta dar o comando que o personagem entenderá a distância que a spell funciona, se você precisa caminhar com ele para depois realizar o comando, basicamente você vai perder alguns usos gratuitamente até entender a proposta de gameplay. As spells funcionam como no RPG de mesa, você tem spells mais poderosas de nível, que são gastas e recuperam seus usos com descanso, e as spells de nível “0”, que tem usos ilimitados. HP, poções, itens, tudo é feito de maneira as regras do próprio Pathfinder, regras de peso, destreza máxima e etc, sensacional.

Os gráficos são bonitos e só. Não existe nada maravilhoso de encher os olhos. As animações dos personagens e criaturas são bem travadas e engessadas, não existe aquela fluidez e vida, alguns efeitos são ultrapassados e até meio vergonhosos. A câmera e movimentação dos personagens segue da mesma forma, nada parece orgânico aqui e parece que estamos jogando algo de desenvolvedores de primeira viagem. A trilha sonora em contra partida empolga demais, trilhas de viagens e combates destoam de forma magnífica, ora trilhas tranquilas e pacíficas, ora trilhas épicas e memoráveis. Os voice-actors estão incríveis, cada NPC traz consigo uma personalidade própria e isso é interpretado de forma a você crer que aquele NPC está ali, faz parte daquele mundo. Retirando poucas exceções de over-acting, a atuação das vozes é um dos pontos mais altos do game.

O jogo não está traduzido nem localizado em português e também não temos um modo multiplayer. Essas coisas fazem falta demais no jogo.

Pathfinder: Kingmaker é obrigatório para os fãs de Pathfinder e Dungeons and Dragons, mas talvez não agradará aqueles que desconhecem o hobbie (RPG de mesa), pois é ultrapassado e travado em muitos aspectos.

Prós

  • Enredo é incrível, com escolhas e consequências e NPCs cativantes.
  • Trilha sonora linda e marcante.
  • Criação de personagens é de invejar qualquer RPG.

Contras

  • Não está localizado em português
  • Gráficos são apenas ok, nada demais. Alguns efeitos são vergonhosos.
  • Mecânica de combate e movimentação engessados e podem espantar muitos jogadores.
Pedro Kakaz
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