Análises

Resident Evil 3 Remake – Análise

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Atualizando Nemesis

Com mais ação e menos terror, entrega um enredo de primeira, jogabilidade refinada, gráficos foto-realistas e muita tensão, apesar de ser um jogo mais curto e menos aterrorizante do que me lembro do original.

O remake de Resident Evil 3 chega surfando na onda do sucesso da releitura de Resident Evil 2, lançada ano passado pela Capcom.

A recriação apresenta uma jogabilidade de tiro em terceira pessoa aos mesmos moldes do remake de Resident Evil 2 em contraponto a original com controles de tanque e ângulos de câmera fixos. Mas diferente do remake anterior que seguia a história mais a risca, Resident Evil 3 apresenta uma reimaginação completa dos eventos do Resident Evil 3: Nemesis original lançado em Setembro de 1999 no PlayStation 1, com uma nova perspectiva sobre os acontecimentos e uma apresentação impressionante empurrada pela versatilidade da RE Engine, também usada em Resident Evil 7, Devil May Cry 5 e no já citado Resident Evil 2.

Além da recriação da história o pacote também inclui um novo modo multiplayer online 4×1, separado em outro game: Resident Evil: Resistance. Nele uma equipe de quatro jogadores luta contra um “vilão” que pode criar armadilhas, inimigos e outras ameaças para impedir que os sobreviventes escapem com vida. Esse modo multiplayer foi desenvolvido externamente pela NeoBards Entertainment e foi anunciado anteriormente como um jogo separado, Project Resistance.

Os eventos do jogo se passam 2 meses após os acontecimentos do primeiro Resident Evil. A maioria dos moradores de Raccoon City foi infectada e transformada em zumbis pelo T-Virus, uma arma biológica secretamente desenvolvida pela empresa farmacêutica Corporação Umbrella.

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A história de Resident Evil 3 se passa em setembro de 1998 em paralelo com os eventos de Resident Evil 2. Os jogadores controlam Jill Valentine, ex-oficial da S.T.A.R.S., enquanto ela tenta escapar de Racoon City, durante o apocalipse zumbi causado pelo surto do T-Virus. Ao longo da aventura Jill será caçada implacavelmente por Nemesis, uma bioarma inteligente, criada pela Umbrela para executar os membros da S.T.A.R.S. e completar a queima de arquivo da corporação maligna.

Em desenvolvimento por aproximadamente três anos antes de seu anúncio em 2019, o remake foi uma produção conjunta entre a Capcom e sua subsidiária K2 Inc, com a assistência da M-Two, fundada por Tatsuya Minami ex-CEO da PlatinumGames. Os produtores Masachika Kawata e Peter Fabiano afirmam que tentaram honrar a abordagem mais voltada para a ação do jogo original.

Na jogabilidade, o game mantém todo o padrão do remake de Resident Evil 2, com algumas poucas mudanças como um novo movimento de esquiva para Jill, que também leva uma única faca que agora não quebra mais. De resto a maior parte das armas, itens e equipamentos mantém o padrão do game anterior, fazendo em alguns momentos com que Resident Evil 3 aparente ser mais um DLC caprichado de Resident Evil 2, do que um jogo realmente novo. O que reforça ainda mais essa ideia é a curta duração do game. Finalizei minha primeira jogada em apenas 7 horas. Talvez a inclusão de Resident Evil: Resistance seja para compensar a curta duração da campanha do jogo.

No design as releituras foram acertadas e a Capcom atualizou os modelos de personagens com Jill vestindo roupas mais práticas e atuais e Carlos Oliveira mostrando seu lado militar tanto no visual como na jogabilidade que possui um estilo mais agressivo que o de Jill, com um movimento de ombrada no lugar da esquiva e também mais acesso a granadas e uma metralhadora automática logo de cara. Os zumbis mantém muito do que foi mostrado em Resident Evil 2 mas Nemesis, o principal inimigo do jogo, também foi redesenhado e recebeu novas maneiras de rastrear os jogadores em comparação com o Mr. X de Resident Evil 2.

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Ainda que Nemesis seja o ponto alto do game, talvez a maior decepção seja sobre a memória que eu tinha do quanto ele realmente era uma ameaça constante e implacável que te perseguia o jogo inteiro no original. No novo Resident Evil 3 você vai ser caçado pelo capiroto nas primeiras horas iniciais e depois disso acabará seguindo mais umas sequências lineares para encontrar e fugir do monstro. Não se engane, o bicho continua muito agressivo e a sensação de quando ele aparece é desesperadora, ainda mais que ele agora conta com um arsenal ignorante para te caçar, mas no geral fica a lembrança de que Nemesis era uma ameaça mais constante no game original do que nesse remake.

Levei aproximadamente 7 horas para finalizar a campanha, explorando aproximadamente 70% a 80% do game. Acredito que para finalizar 100% e abrir todos os segredos ainda vão mais umas horas pelo menos, mas comparando ao Resident Evil 2, sim esse remake é mais curto.

Resident Evil 3 chega ao PlayStation 4, Xbox One e Windows PC na Steam em 2 de Abril de 2020. Na apresentação o game faz jus aos games da RE Engine com gráficos foto realistas e taxa de quadros na casa dos 30 nos consoles base e suporta melhorias no PlayStation 4 Pro e no Xbox One X, mas seja qual for a plataforma escolhida, você estará diante de um dos jogos mais bonitos da geração. Os efeitos de iluminação, partículas, modelos de personagens e monstros tornam a ambientação do game extremamente realista e estão entre os melhores já produzidos pela Capcom.

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A versão testada nesse review foi a do Xbox One X, que roda em 4k nativo, mas estranhamente traz alguns problemas de slowdown em áreas específicas. Longe de ser um problema na maior parte dos momentos mas é algo que existe e deve receber um patch em breve. Também recebemos a versão de PCs para testes e nesse caso não tivemos nenhum slowdown rodando em nosso PC Gamer com GeForce RTX 2070 da Gigabyte, i7 6700k e 16 gb DDR4 Hyper X Savage.

Apesar de alguns tropeços, a Capcom acerta a mão com Resident Evil 3, não da mesma forma com que acertou no remake de Resident Evil 2. O novo jogo atualiza o temor de ser caçado por Nemesis para as novas gerações, porém deixa a desejar um pouco na sensação de terror para quem jogou o original. Mesmo assim o game entrega um enredo de primeira, jogabilidade refinada, gráficos foto-realistas e muita tensão, resgatando a experiência perfeita de survival-horror que consagrou a série, nesse caso mais focado para a ação. Obrigatório para os fãs de Resident Evil!

Pontos Positivos

  • Atualiza a história de Resident Evil 3 para as gerações atuais
  • Gráficos de cair o queixo
  • Ser caçado por Nemesis continua desesperador

Pontos Negativos

  • Infelizmente é bem mais curto do que o remake de Resident Evil 2
  • Nemesis aparece menos tempo no geral do que aparecia no original
  • A versão de Xbox One X roda em 4k, mas apresenta alguns slowdowns

Átila Graef

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