Rune Factory: Guardians of Azuma
Muitos podem dizer que o mercado já está saturado de jogos no estilo “fazendinha” — especialmente após o sucesso estrondoso de Stardew Valley. E, de certa forma, é difícil discordar. No entanto, algumas empresas, como a MARVELOUS, ainda se arriscam a tentar algo diferente dentro desse gênero com propostas refrescantes.
Foi exatamente o que aconteceu com Rune Factory: Guardians of Azuma. Já adianto que minha jornada com a série começou lá no Tides of Destiny do PS3, e desde então venho acompanhando a franquia de perto. Porém, nenhum título me conquistou como este. E nesta análise, vou contar por que considero Guardians of Azuma um dos melhores jogos que joguei em 2025 até agora.
HISTÓRIA
Assumimos o papel de um(a) protagonista conhecido(a) como Earth Dancer, que desperta sem memória após ser chamado por um dragão branco — que, de forma bem conveniente (e fofa), assume a forma de uma ovelha para facilitar a convivência com os humanos. A história se inicia na vila de Spring (sim, Primavera), e logo após interagir com os moradores, fica claro que nossa missão é utilizar nossos poderes para restaurar esse lugar, agora corrompido por forças malignas.
Sem entrar em muitos spoilers, esse é o objetivo central do jogo. Mas o verdadeiro charme está nas interações com os personagens. Eles são carismáticos, bem construídos, com personalidades fortes, defeitos, dilemas e sonhos — exatamente como pessoas reais. Pense neste jogo mais como um anime “slice of life” ou até como uma série estilo Modern Family, onde o foco está nas relações e na vida cotidiana, mais do que em uma narrativa épica típica de JRPGs.
Cabe a você criar laços com esses personagens: conversar diariamente, ajudá-los com pequenas tarefas, participar de eventos — e até iniciar um romance, com direito a casamento e filhos. Inclusive, vale destacar que o jogo permite romances entre personagens do mesmo sexo, o que é sempre um ponto positivo. Nem todos são opções românticas, mas a variedade é respeitável.
É uma delícia acompanhar a rotina dessa galera enquanto você, aos poucos, vai reconstruindo Azuma. Por isso, minha dica é: fale com todo mundo, todos os dias. Sempre há algo novo para descobrir — e histórias para se envolver.
GAMEPLAY
Para quem não conhece, Rune Factory é uma série que mistura elementos de RPG de ação com simulação de fazenda — e Guardians of Azuma segue fielmente essa proposta. Há aqui um foco maior na exploração e no combate do que em títulos anteriores, mas a parte “fazendinha” continua sendo essencial e muito bem executada.
Vamos começar por ela. No início, você terá apenas um pequeno lote de terra, que serve como tutorial. Mas rapidamente o jogo abre espaço para expansão: é possível plantar, colher, construir casas, lojas, celeiros e toda a infraestrutura necessária para que uma vila prospere. No começo, você cuida de tudo praticamente sozinho(a), mas com o tempo, novos moradores vão surgindo, assumindo funções — e permitindo que você se concentre mais na exploração.
Essa exploração é rica e cheia de surpresas. Os mapas são amplos, com muitos coletáveis e inimigos para enfrentar. O combate me surpreendeu positivamente. Começamos com uma simples espada curta, mas conforme avançamos, novas armas são desbloqueadas — e elas mudam drasticamente o estilo de jogo. Algumas são abençoadas pelos próprios deuses do universo do jogo, e além de úteis em batalhas, servem para outras funções curiosas: um guarda-chuva que permite planar à la Mary Poppins, ou um tambor mágico que fortalece suas plantações, por exemplo. Há muitos outros, mas deixo para você descobrir.
Com uma jogabilidade variada, combate fluido e um sistema de fazenda viciante, Guardians of Azuma tem tudo para te prender por horas. O jogo também conta com um sistema de calendário — ou seja, há eventos que só ocorrem em datas e horários específicos, o que incentiva uma rotina dentro do game. A boa notícia é que não há limite de tempo para terminar a história, então aproveite com calma!
GRÁFICOS E SOM
Desenvolvido na Unreal Engine (provavelmente a 4), Guardians of Azuma não é o jogo mais impressionante graficamente, mas ainda assim se destaca — especialmente no design dos personagens, que são detalhados e cheios de vida. Já os cenários seguem um estilo mais simples, porém encantador.
Um detalhe que me chamou a atenção — e que não poderia deixar de mencionar — é o tratamento dado às paisagens distantes. Para manter a performance sem sacrificar o estilo, os desenvolvedores aplicaram um tipo de filtro aquarelado nos elementos mais distantes, criando um visual belíssimo e artístico. É difícil explicar, mas funciona incrivelmente bem.
A dublagem em inglês está excelente e dá vida aos personagens com carisma e emoção. Já a trilha sonora, infelizmente, não acompanha o mesmo nível: as músicas são genéricas e esquecíveis, com exceção da faixa de créditos, que se destaca um pouco mais. Um jogo tão especial como esse merecia uma trilha sonora mais marcante.
VEREDITO
Sem dúvida, Guardians of Azuma foi a grande surpresa de 2025 para mim. Não imaginava que um híbrido de fazendinha com RPG de ação poderia ser tão viciante — e tão bem executado em todos os aspectos.
Para você ter uma ideia, fui obrigado a apagar o jogo do meu Switch 2 (versão utilizada nesta análise) apenas para conseguir seguir com minha pilha de outros títulos para avaliar. Sim, Guardians of Azuma é viciante a esse ponto.
E como diria o velho bordão: ponto pra Marvelous.
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