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5, maio 2016
Análise – Uncharted 4: A Thief’s End
10
O melhor jogo do PS4
Uncharted 4: A Thief's End eleva o nível geral da indústria dos jogos e é o tipo de produto que vai cativar até mesmo aqueles que não são tão chegados em videogames.

A tão esperada sequência da saga de Nathan Drake finalmente está aqui. Anunciado em 2013, previsto inicialmente para 2015 e adiado para 2016, Uncharted 4: A Thief’s End é o título mais aguardado desde o lançamento do PlayStation 4. Produzido pela Naughty Dog, o jogo é o carro chefe do console da Sony e desde o seu trailer, o hype pelo título só aumentou.

Mas será que o jogo consegue apagar a má impressão do curtíssimo Uncharted 3: Drake’s Deception, e ficar a par com o Uncharted 2: Among Thieves, considerado o auge da série? É o que veremos nesse review.

Gráficos

Normalmente não abro meus reviews falando de gráficos. Considero um elemento importante, mas secundário, que sozinho não faz a experiência, mas a complementa quando encontra boa jogabilidade.

No caso de Uncharted isso pode ser revisto. Desde o primeiro jogo, a série é conhecida pelos seus visuais, que arrancam todo o poder de processamento dos consoles da Sony. Com Uncharted 4, obviamente não seria diferente.

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Se tiver que resumir numa frase? Uncharted 4 é o jogo mais bonito que já vi na vida. Ponto final. Se tiver que alongar? Inclua nesse comparativo, qualquer jogo de PC no meio.

Até a data de hoje, não existe nada com melhor apresentação visual do que Uncharted 4: A Thief’s End. Esqueça o PC e suas placas de 1000 dólares. A Naughty Dog conseguiu novamente e Uncharted 4 é o novo benchmark gráfico a ser batido.

Esqueça serrilhados, problemas de v-sync, ou slowdowns. Jogamos em 60 polegadas e na parte gráfica simplesmente não existem defeitos.

Rodando a 1080p e 30 FPS constantes e sem quedas, o jogo entrega cenários que simplesmente se misturam com a realidade. Jogadores mais antigos vão lembrar de Gran Turismo 3 no PlayStation 2 como um dos primeiros casos de foto realismo num jogo de corrida. Jogos de corrida resumem-se em carros, elementos não-orgânicos, e pistas que são ambientes fechados. A soma dos dois fatores normalmente pende para o foto realismo, porque esses objetos são mais fáceis de serem simulados num motor gráfico.

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Seres humanos e cenários abertos são casos completamente diferentes. E é aqui que o título brilha, porque esse é um dos primeiros casos de foto realismo em um jogo de ação. Olhar para uma tela de Uncharted 4 e ver Nathan Drake correndo nos cenários variados do jogo, por vezes confunde o jogador com um filme ou até mesmo a realidade. A movimentação é variada e absurdamente realista. Os cenários amplos, com detalhes únicos numa floresta (onde cada árvore parece ter seus galhos e folhas modelados individualmente), ou nos templos fechados (onde o reflexo da sua lanterna na poeira do ambiente realmente passa a impressão de que você é a primeira alma viva a pisar naquele lugar em centenas de anos), são efeitos nunca antes vistos nos videogames.

O jogo sabe do que entrega e oferece um modo de fotografia, para capturar o melhor ângulo de cada momento durante sua campanha. É um extra muito bacana e sem dúvidas ainda proporcionará diversas imagens fantásticas.

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Se tenho algo a criticar? Bem, a decisão do modo stealth onde os inimigos ficam rodeados com uma aura branca, amarela ou vermelha, dependendo do nível de alerta, realmente quebra a imersão do foto realismo que o jogo proporciona. Poderia ser mais sutil.

História

Escrita por Neil Druckmann, Josh Scherr e Tom Bissell, o enredo se passa três anos após os eventos de Uncharted 3: Drake’s Deception. Sam, o irmão mais velho de Nathan, considerado morto até então, aparece vivo e em apuros, tendo prometido a um mafioso (ou sendo forçado a isto) encontrar um artefato relacionado ao tesouro perdido de 400 milhões de dólares do pirata Henry Avery.

Drake já havia tentado, sem sucesso, encontrar o tesouro no passado e, assim, é forçado a voltar à ativa como ladrão profissional. Os dois irmãos, com a ajuda de Sully, partem numa viagem ao redor do mundo, na busca do mítico tesouro para salvar a pele de Sam e acumular alguma riqueza.

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A levada da história adota um estilo mais cinemático e está mais para The Last of Us do que para a série Uncharted propriamente dita. Isso não é ruim de maneira alguma, pois o enredo é muito bem escrito e os personagens bem desenvolvidos e cativantes. Você realmente tem a impressão de que está na pele de um Nathan Drake casado e aposentado, com uma vida normal, e se vê no dilema de ter que voltar à ação para ajudar o seu irmão que se meteu numa enrascada das brabas.

O reflexo desse “estilo Last of Us” é que você vai assistir cutscenes mais longas, mas em nenhum momento elas são cansativas ou desnecessárias. Ao contrário, Uncharted 4 tem uma levada no enredo, que a cada momento te faz querer continuar jogando mais e mais, afim de resolver o próximo problema da aventura de Nathan Drake.

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Jogabilidade

Ainda que o ditado pregue que não se deve mexer em time que está ganhando, a jogabilidade de Uncharted nunca foi exatamente a melhor do gênero TPS (Third Person Shooter/Tiro em Terceira Pessoa). Considerada por muitos menos precisa que a de seu principal concorrente da Microsoft, Gears of War, a Naughty Dog fez a lição de casa e entregou um jogo bem mais refinado nesse aspecto.

Controle e mira são mais precisos no geral. Você sente o peso de cada arma e se sente mais no controle do personagem durante o tiroteio. Arrisco dizer que a Naughty Dog não está devendo nada para Gears of War nesse jogo.

Já as partes de plataforma mantém o padrão da série e continuam muito boas, com controles soltos, permitindo ao jogador saltar onde e como quiser.

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Nas novidades, temos a corda de rapel, que permite a Drake se pendurar em locais específicos e atravessar grandes distâncias, e até mesmo pode ser usada em meio ao combate para ataques especiais contra os inimigos.

O jogo mantém muitas das mecânicas encontradas nos títulos anteriores da série, apesar de existirem várias mudanças na jogabilidade, principalmente na forma como o jogador se move e interage com o ambiente. A progressão das fases continua linear, mas agora os cenários contam com mais espaço para exploração. Mesmo assim, é difícil querer parar para explorar quando o jogo mantém um ritmo tão alucinante de ação constante. Raros são os momentos de descanso onde Drake está sossegado para simplesmente observar a paisagem. Mas quando eles acontecem, vale a pena retomar o fôlego e admirar a beleza dos cenários.

Multiplayer

O multiplayer nunca foi o carro chefe da série, mas recebeu mais atenção em Uncharted 4.

Há uma troca inteligente do super realismo da campanha: a escolha por mais fluidez, com 60 quadros por segundo. Perdemos um pouco nos gráficos, mas ganhamos em jogabilidade e respostas mais rápidas e precisas, que são essenciais para esse modo de jogo.

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Agora Nathan, Elena, Sam, Sully, Chloe (e vários outros personagens) aventuram-se nos modos competitivos que chegam com a promessa de receber conteúdo adicional gratuito pelo primeiro ano do jogo.

O multiplayer é recheado com opcionais, que podem ser adquiridos através de micro-transações, ou com pontuação adquirida dentro do jogo. No entanto, a maior parte dos modos multiplayer se encontram indisponíveis para jogar antes do lançamento e, por isso, faremos uma avaliação posterior mais completa.

O jogo mais impressionante do PS4

Uncharted 4: A Thief’s End prova que os consoles não estão morrendo coisa nenhuma. A proposta da série de elevar o patamar gráfico é mais uma vez cumprida e a Naughty Dog confirma sua posição de ser uma das mais importantes desenvolvedoras da atualidade, entregando não somente o melhor jogo da série, mas o jogo mais impressionante do PS4 até agora.

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É o final perfeito para uma saga que conseguiu transformar o protagonista Nathan Drake, à primeira vista “genérico” e muito comum, num personagem único e cativante. Um cara que parece seu conhecido, seu amigo, alguém com quem você se identifica simplesmente por ser humano, antes de ser um herói do impossível.

Se o jogo tem defeitos? Com certeza. Se a minha imersão foi quebrada em algum momento da experiência por algum deles? Nem percebi.

Uncharted 4: A Thief’s End eleva o nível geral da indústria dos jogos e é o tipo de produto que vai cativar até mesmo aqueles que não são tão chegados assim em videogames.

Átila Graef

One thought on “Análise – Uncharted 4: A Thief’s End

  1. Excelente análise, Uncharted 2 foi o game que mais me surpreendeu graficamente na geração passada, estou ansioso para jogar esse, espero que esse salto gráfico vire exemplo para outras empresas também.

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