Análises

Granblue Fantasy: Relink

9.5
Uma fantasia grandiosa sob céus azuis infinitos

Sem pestanejar posso dizer que a espera valeu muito a pena, Granblue Fantasy: Relink deve ter passado por diversos problemas durante sua produção, porém é notável que a Cygames se dedicou para entregar um RPG de ação recheado de momentos incríveis, personagens carismáticos e um sistema de batalha que beira o viciante. Estou longe de abandonar o reino de Zegagrande, ainda é muito o que ver nos céus desse incrível universo!

Em 2016 uma empresa chamada Cygames anunciou um RPG de ação baseado na franquia Granblue Fantasy, que nasceu como um RPG(Gatcha, ok?) para iOS, Android e navegadores da Web, entitulado de Granblue Fantasy Project Re: Link e que depois de algum tempo foi rebatizado de Granblue Fantasy: Relink.

Apesar de não ter muita expectativa por Relink(chamarei assim durante a análise) pelo fato de ser uma franquia da qual não tive contato até então e por ser também de uma empresa nova, ainda assim fiquei bem feliz quando vi alguns trailers com personagens bonitos, cenários coloridos e a promessa de um RPG de ação no mínimo legal. A PlatinumGames fez parte do desenvolvimento inicial do game, mas acabaram deixando o projeto em 2019. Sempre fui muito fã desse estúdio e muita gente como eu ficaram tristes com essa notícia, pois só de imaginar mais um RPG de ação deles, ainda mais depois do sucesso de NieR Automata(2017), já era mais do que razão para ficar empolgado.

Chegou a hora de embarcar no Grandcypher!

Enfim, a Cygames continou tocando os trabalhos e depois de 8 anos desde seu anúncio, finalmente Relink foi lançado. Será que esses 8 anos de trabalho acarretaram num produto de qualidade? Venha comigo!

BLUE SKIES, BLUE SKIES I SEE

As aventuras de Relink se passam no reino do céu de Zegagrande e nele controlamos o capitão ou a capitã dependendo do personagem que você escolher(Gran e Djeeta, pra quem já está familiarizado). Juntamente de um grupo de Skyfarers, a jornada nos leva para lugares incríveis. O universo de Granblue é muito parecido com o que vimos em Skies of Arcadia(2000) da SEGA e isso me deixou fascinado pois sou um grande fã desse jogo e sempre achei que esse tipo de cenário faz uma alusão ao que seria uma exploração nos mares, mas de uma forma bem mais fantasiosa, afinal jamais teremos um Grandcypher para chamar de nosso.

Uma arte belíssima, não?

Algo que me deu uma certa estranheza no começo foi pelo fato de que todo o elenco já foi introduzido em outros jogos da série, os personagens se conhecem e realmente parece que estamos começando o jogo pela metade. Por sorte os desenvolvedores incluíram em Relink uma espécie de Glossário bem completinho com informações sobre praticamente tudo e o mais legal é que durante as conversas algumas palavras-chave ficam em destaque permitindo que você possa saber mais informações sobre o que os personagens estão conversando, algo como uma versão mais simplificada do fantástico Active Lore System de Final Fantasy XVI(2023), mas que funciona bem de qualquer maneira.

A trama em si não foge muito do batido, mas o que faz da experiência algo que me marcou foi a qualidade das set-pieces que nós simplesmente não vemos muito em jogos do gênero. Para exemplificar melhor sem adentrar muito nos spoilers, logo no começo temos uma missão de investigar um Primal Beast(pense em algo tipo as “summons” de Final Fantasy) que tá loucão e uma das personagens do nosso grupo, Lyria, tem o poder de se comunicar com eles, informação que fica bem estabelecida logo no comecinho de Relink.

Furycane, um dos Primal Beasts.

Com isso partimos para o local onde ele foi avistado e depois de algumas batalhas contra Goblins e afins, Furycane aparece e começa a devastar tudo com seus ventos fortes. Eu achava que iriam retratar esse ataque através de uma simples cutscene, mas os caras tiveram a manha de fazer uma sequência jogável onde precisamos fugir do ataque violento da criatura, exigindo controle real do jogador e inclusive sequências de plataforma, afinal podemos pular!

Se você jogar com um bom aparelho de som dá até pra “sentir” os fortes ventos, enfim, tudo isso é algo realmente que não esperava ver em um RPG. Pensei que iria encarar uma dungeon de boa pra no final apenas tretar diretamente com ele e acabei tendo essa bela surpresa. Só que assim pessoal, isso é só o começo, Relink conta com vários momentos eletrizantes como esse, jogáveis ou não, todos com uma qualidade de tirar o chapéu. Por mais que a história em si não seja a coisa mais original do mundo(e nem precisa ser), a jornada faz valer cada segundo por conta da aventura em si.

Galerinha chegando na primeira cidade do jogo, Folca, a cidade da fronteira.

No final das contas o que mais vai importar é o quão você investiu em cada um dos Skyfarers, eu já adorava vários deles por culpa do Granblue Fantasy Versus(confira nosso review aqui), mas foi em Relink que pude mergulhar de fato na história de cada um. Antes que eu me esqueça, o jogo conta também com umas side-quests chamadas de Fate Episodes que são únicas de cada personagem e que contam de uma forma bem legal algumas coisas que aconteceram antes dos eventos desse jogo e elas são liberadas conforme avançamos na história.

E O GAMEPLAY?

Relink é essencialmente um RPG de ação com uma estrutura de missões escolhidas num Hub que são as cidades. Aqui não temos uma exploração livre, como por exemplo um mapa onde você vai de uma caverna até outra, tudo acontece nas missões em si e nelas sim, podemos explorar cada cantinho para achar itens secretos, desafios de tempo(parece até jogo de plataforma 3D estilo Spyro the Dragon, sem zuera) e muito mais. Em grande parte da jornada você pode escolher se vais querer embarcar em algumas quests opcionais na guilda ou se vais preferir ir para a missão principal que é simbolizada por uma flechinha dourada.

É tudo muito simples e funcional, qualquer pessoa que tenha um mínimo de experiência com RPGs vai entender logo de cara como tudo é executado. Os próprios sistemas de evolução de personagem e armas é mega intuitivo, dá a impressão que realmente quiseram criar algo acessível, sem que o jogador precise ficar horas lendo tutoriais e afins. Depois de jogar uma porrada de RPG com sistemas bem complexos, parece até mentira que encontrei um onde fizeram algo enxuto e bem feito.

As batalhas são épicas, você não tem ideia.

Logicamente o ponto mais forte de Relink é seu sistema de batalha e aqui há muito para ser dito. Os controles parecem um sonho de tão precisos que são e realmente nos remete aos jogos da PlatinumGames, quando você der o Dodge vai se sentir a Bayonetta(2009) de tão parecido que é. Cada um dos vários personagens possui um moveset único e isso é sem sombra de dúvidas o que mais me deixou impressionado em Relink, até mais do que as set pieces. Eu nunca joguei um jogo onde tivesse tantas opções de personagens com uma profundidade como essa, é quase como se fosse um jogo de luta e lembre-se que por ser um RPG ainda é necessário lidar com as variantes típicas do gênero como equipamentos e afins.

Ao jogar com o capitão você vai perceber que ele é mais como se fosse um tutorial pois possui movimementos descomplicados e direto ao ponto, para que o jogador consiga entender o ABC dos sistemas. Agora conforme você vai experimentando outros personagens como Charlotta ou Katalina, notarás as mais diversas camadas de heterogeneidades existentes nesse título e com isso a sensação de estar jogando algo realmente especial. Vale também mencionar que além das mecânicas individuais de cada boneco, o jogo disponbiliza pro jogador outros meios de ataque como barris de pólvora ou mesmo armas de fogo durante as mais variadas situações, não dá pra prever nada.

FULL BURST!

Há muito o que fazer em Relink, seja jogando sozinho ou em grupo(eu infelizmente não tive a oportunidade de jogar online), o jogo oferece aos jogadores uma quantidade gigantesca de horas de jogatina, principalmente depois que você termina o modo história. Grande parte das atividades são encontradas no End Game e a produtora prometeu acrescentar mais conteúdo nos próximos meses, portanto terás excelentes oportunidades para evoluir cada um dos personagens e encontrar o que te agrada mais.

Relink é um provavelmente o RPG de ação com melhor controle que já joguei na vida e como fã do gênero, essa afirmação tem um peso significativo, sabe aquele jogo que é gostoso só de ficar andando por aí desferindo espadadas, magias ou só de explorar cada cantinho dos cenários? Isso tudo temos de sobra no jogo da Cygames e confesso que tá complicado escrever essa análise sabendo que o jogo tá ali na minha frente só me esperando para embarcar em mais uma quest… só mais uma!

VISUAIS E SOM

Se você está procurando um RPG com o melhor gráfico do mundo com certeza não irás encontrar aqui, porém te digo algo de valor, esse joguinho é lindo de qualquer forma. O visual puxa pra um estilo meio cel-shading, apesar de não ser, que lembra bastante os jogos mais cartunescos da Level-5 como Ni No Kuni(2013) e Rogue Galaxy(2005) com o uso forte de cores pastéis.

Um dos vilões do jogo, Id.

Uma das coisas mais legais da parte gráfica de Relink são o jeito que os artistas encontraram de dar vida a objetos distantes, para exemplificar melhor vou usar uma das áreas iniciais que é composta de pequenas casas em um campo verdejante. De qualquer ponto você consegue enxergar super longe e existem obviamente lugares que você não conseguiria chegar caminhando, aí para manter uma coesão sem precisar stressar muito o hardware, eles decidiram fazer uma espécie de skybox mais elaborada, com um aspecto meio aquarela do qual deixa tudo muito bonito e ainda por cima com animações como um moinho de vento em total operação, dentre outros exemplos.

Os cenários mais ao fundo são inacessíveis, mas foram incorporado ao skybox e deixam o jogo com um visual maravilhoso.

A parte explorável também não deixa nada a desejar, com efeitos de luz bem suaves, texturas com uma boa qualidade e bastante variedade visual, eu pessoalmente achei o jogo um deleite. Sem mencionar os modelos poligonais que dão um show, não tem um que seja mais feio que o outro, todos foram feitos com um cuidado ímpar. Para não deixar passar um detalhezinho bacana, quando estava em Folca(cidade), resolvi dar uma volta por toda cidade prestando bem atenção ao meu redor para ver se pegava algo despercebido. Eis que vejo um gatinho vindo na minha direção e o safado passa por debaixo das pernas da capitã, acredita? Achei que ele fosse esbarrar na hitbox do personagem ou algo assim.

Ah, vale lembrar que estou jogando Relink no PlayStation 5 e ele conta com modo Performance e um modo Qualidade, só joguei no Performance e não troco 60 FPS cravadinhos por nada, ainda mais num jogo frenético como esse!

O estrago vai ser grande.

Indo para a parte sonora, trago mais elogios. A trilha é muito bem produzida e pelo que soube Nobuo Uematsu, lendário compositor da série Final Fantasy e outros, compôs algumas faixas para Relink, mas não sei ao certo o que ele fez exatamente, só quando tiver mais informações da trilha sonora para poder dizer algo pra vocês. Independentemente do envolvimento dele, o que você pode esperar aqui é algo bem grandioso e épico, músicas que combinam com a situação perfeitamente, mas lógico que faixas mais tranquilas, típicas de uma cidadezinha medieval de RPG, existem aos montes.

A dublagem também ficou bem bacana, nada de outro mundo. Pessoalmente gosto muito da dubladora da Katalina, Erica Lindbeck, que fez um trabalho excepcional.

VEREDITO

Sem pestanejar posso dizer que a espera valeu muito a pena, Granblue Fantasy: Relink deve ter passado por diversos problemas durante sua produção, porém é notável que a Cygames se dedicou para entregar um RPG de ação recheado de momentos incríveis, personagens carismáticos e um sistema de batalha que beira o viciante. Estou longe de abandonar o reino de Zegagrande, ainda é muito o que ver nos céus desse incrível universo!

Pros

  • Sistema de batalha fantástico que nada deve aos melhores jogos de ação que existem
  • Visual deslumbrantes, 60 FPS cravados
  • Parte sonora de cair o queixo, músicas lindas dão toda a energia necessária para destruir os inimigos
  • Conteúdo pra caramba

Cons

  • Modo história podia ser um pouco maior, dá muita vontade de quero mais
David Signorelli