Análises

Hades

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A vibrante escalada para a superfície!

Hades é uma aula de game design, é tranquilo dizer que é um dos melhores jogos que eu já pûs minhas mãos.

Hoje eu trago uma análise de um jogo muito especial, uma experiência completamente inesperada e incrivelmente maravilhosa, eu gosto muito dessa pegada de mitologia grega, deuses e entidades, até porque recentemente (mais ou menos) terminei outro grande game com essa temática, então estou bem fresco dos termos e de algumas figuras imponentes ali desse meio.

Falo de um jogo que esbarrei totalmente por acaso, desenvolvido e distribuído pela Supergiant Games, a mesma softhouse indie que fez jogos de sucesso como Bastion e Transistor a um tempo atrás(cujo quais eu não fiz justiça em jogar até hoje), minha análise é justamente sobre o mais recente título deles; Hades, que foi previamente lançado para o PC e que agora está disponível para o Nintendo Switch para a alegria de todos nós.

Zagreus dando uma bela espadada em seu adversário.

Em sua essência, Hades é um dungeon-crawler-rogue-like RPG, que em outras palavras, é uma aventura single-player de exploração de dungeons em andares e “camadas” do submundo, cheias de fatores aleatórios que encontramos através das áreas que percorremos e muito replay-value.

Disso o mercado está cheio, sabemos disso, mas Hades é muito mais que um hack n’ slash sem cabeça em busca de recompensas e vou tentar explicar o porquê disso.

Eu gostaria de enfatizar que o termo “completo” é o que mais se encaixa se eu tivesse que defini-lo em uma palavra, é incrível o nível de detalhamento desse jogo, galera!

Realmente parece o inferno!

Tanto para os objetos dispostos delicadamente nos cenários quanto para a quantidade de conteúdo que cada mísero item ou NPC carrega consigo; acrescentando que todos os vários diálogos do game são dublados e legitimamente inteligentes e interessantes, tudo tem muita vida durante a jogatina e sempre tem coisas novas acontecendo em tudo que é lugar que visitamos, incluindo os andares das dungeons que também são afetados por uma ou outra coisa que mexemos com um NPC por exemplo.

O departamento de música, dublagem e efeitos sonoros em geral está de parabéns, que trilha sonora boa! Agitada quando precisa ser, melancólica e até mesmo podemos ouvir algumas belíssimas canções que ofuscam o ar pesado e sombrio do submundo, música que fiquei curtindo até ela repetir de tão linda que é.

O “herói” do jogo tirando uma com o cara que dá nome ao jogo, seu pai Hades.

Repleto de back-story dos NPCs, inimigos e armas, o jogo incentiva muito você conversar com todo mundo sempre que possível, pois além de enriquecer bastante o que aprendemos sobre os personagens, desenvolvemos também um certo grau relacionamento com eles que podem resultar no ganho de alguns benefícios in-game, e são muitos.

Além disso, somos incentivados a utilizar bastante cada uma das 6 armas disponíveis que resultam em habilitar uma nova linha da lore dos equipamentos também, e enquanto estamos tocando o terror no submundo, recebemos a mesma recompensa ao derrotar uma quantidade X de inimigos que faz que os mesmos também recebam uma descrição extra, então no final das contas estaremos sempre nessa vibe viciante de completar os catálogos in-game, cujo os mesmos geram diversas premiações.

Arte fantástica, não?

Ok, mas sobre o que é Hades afinal de contas?

Talvez muito de vocês não estejam tão bem familiarizados com a mitologia grega em si, mas garanto que muitas figuras históricas venham a cabeça quando falamos de Zeus, Poseidon, Afrodite e afins por exemplo. O jogo é ambientado nesse universo grego, mais precisamente no Tártaros, algo como o que conhecemos por inferno. 

A história de Hades segue a árdua tentativa de Zagreus, o filho do próprio, de tentar sair do submundo para ir em busca de sua verdadeira mãe e também para obter várias respostas que sua família do bem tem ocultado desde sempre.

Esse jogo é viciante!

Retratando de uma forma mais amigável a mitologia grega, no palácio de Hades podemos encontrar diversas divindades que podemos interagir(ou observar eles interagindo entre si), assim como citado mais acima, como o guerreiro Achiles, o cachorro de três cabeças; Cérebros, o paizão Hades, o sonolento Hypnos e a deusa da noite; Nix, fora as muitas outras aparições.

Todos eles vão sempre comentar sobre diversas coisas como sua interação com outros deuses nas dungeons, o progresso dos andares em si e até a maneira que você morreu e por quem lhe matou nas saideiras além de também ajudar com algumas dicas aqui e ali.

Cenários fantásticos.

Comentei em morrer, correto? Porque ao menos que você seja praticamente um deus e zerar no primeiro passo, você vai morrer bastante durante o jogo e retornar para sua base principal sempre que isso ocorrer.

Acredite, apesar da ideia parecer frustrante, essa é a magia do jogo todo, pois a maioria dos progressos que fazemos no game são mantidas em forma de itens, experiência para evoluir atributos permanentes através de um artefato que coletamos nas dungeons chamados de “Darkness” cujo qual serve para aumentar MAX HP, aumento de dano e outros aspectos facilitadores, e mais tudo o que eu comentei de preenchimento de back-story e relacionamento, uma escola de como se fazer um bom sistema de jogo.

Hades joga-se em cenários em uma visão isométrica, Zagreus poderá andar pelo palácio para executar certas tarefas como treinar combate, comprar itens, troca-los por outras coisas, realizar mudanças cosméticas no ambiento do jogo e outras que irão beneficiar a escalada para fora de Tártaros, além de que a maioria das interações são realizadas nesse “hub” world.

Zagreus poderá esquivar pressionando A para e mover em 360 graus, além disso contará com um arsenal de 6 armas que são habilitadas a medida que progredimos no jogo, temos a nossa espada básica, uma lança para golpes distantes, um escudo que balanceia bastante o ofensivo e defensivo, o arco-e-flecha que é excelente para combates a distância e um causador de dano altíssimo quando escolhido para se estar perto(Monster Hunter World, alguém?), os punhos que são focados em força bruta e velocidade de ataque e por fim a metranca, uma arma de fogo semiautomática com lança granadas, eficiente para controle de pragas, porém com um limite de balas que são carregadas via cool-down.

Quando decidimos seguir com nossa escalada, seremos introduzidos as mecânicas do game ponderadamente, como entender o progresso de andar para andar, entender como funcionam as habilidades que os mais de 10 deuses concedem ao concluir um andar, habilidades que na maior parte do tempo são bem úteis como o aumento da área de ataque ou causar um ou outro status como Hangover(Poison) e Weakness(redução de ataque) ou até mesmo habilidades híbridas dependendo da intimidade de um deus com o outro.

Passamos a compreender como gerenciar as prioridades ao se deparar com mais de uma rota pelo motivo que cada rota entregará uma recompensa explícita como dinheiro, darkness por exemplo, fora os acontecimentos surpresa que tem aos montes. Por algum motivo me lembrou muito Time Stalkers para o Dreamcast, alguém jogou isso?

Hades é sem dúvida um dos melhores games do gênero que já joguei, e não foram poucos. Estou jogando ele diariamente para tentar obter todos os powerups possíveis e concluir a lista de requisitos porque simplesmente é muito divertido. Cheio de conteúdo passivo e com um gameplay top de linha, Hades é uma pedida em tanto para os que se sentem aptos a escalar os 70 andares de desafios e descobertas do submundo.

Pros

  • Direção artística audiovisual fenomenal.
  • Controles perfeitos e intuitivos.
  • Riquíssimo conteúdo in-game.
  • Level design de primeira.
  • Batalhas de chefe legitimamente desafiadoras.
  • Nenhum personagem à toa.

Contras

  • Que contras?

Fábio Kraft
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