Análises

Monark

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Você sabe a sequencia do Pi? Então...

Monark é um jogo de RPG moderno muito bem construído, com personagens interessantes, enredo e textos inteligentes aliados a um sistema de batalha viciante.

Sejam bem-vindos à Shin Mikado Academy, uma escola onde muitas coisas assustadoras acontecem, e assustadoras de verdade, verdadeiros Nightmare Fuels na minha opinião!

Vem comigo nessa análise que eu vou lhe contar melhor sobre esse maravilhoso JRPG que, pra mim, se tornou umas das melhores experiências recentes com jogos do gênero em muitos aspectos.

Desenvolvido pela FuRyu e o estúdio Lancarse, Monark é um jogão que é distribuído pela nossa saudosa NIS! Disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch, PlayStation 5, e Steam. A versão do Switch é a qual essa análise se baseia. Bora comigo!

Nessa pegada de jovens estudantes e smartphones dando a rodo, nosso herói que acabara de acordar em amnésia em meio de uma sinistra névoa dentro da escola, irá conhecer várias personalidades que se tornarão seus melhores e piores inimigos para desvendar os mistérios por trás destes eventos que permeiam o campus, impedindo-os de sair, e para somar os problemas, ao serem expostos as pessoas enlouquecem como verdadeiros zumbis fazendo com que cometam atos violentos contra eles mesmos e contra outras pessoas.

De fato, um Monarca!

Com isso tudo que está ocorrendo, faremos parte de um conselho de escola formado por, claro, nós jovens estudantes e o corpo docente que ainda tem um pouco da sanidade intacta (Ou nem tanto assim), buscando formas de sair dessa prisão fantasmagórica que circula a escola. Logo descobrimos que a saída para enfraquecer essa barreira é derrotar um certo grupo de pessoas chamadas de Pact Beareres, fazendo as névoas se dissiparem, permitindo a navegação normal pelos corredores da escola. Mas a que custo, né?

Acontece que somos parte desse grupo “do pacto”, e nossos amigos também, então uma saída sem conflitos poderá ser inevitável posteriormente, só nos resta adentrarmos mais a fundo durante as explorações e coletando materiais que esclarecem muita coisa sobre as pessoas, a escola e as manifestações sinistras.

Sem entrar em muitos detalhes, a premissa da trama é essa, é um jogo de RPG com todos os bons aspectos do que define o gênero, mas é um jogo cheio de puzzles, cheio de temáticas assustadoras, situações pesadas que trata de assuntos bem sérios como conflitos interpessoais e internos, dor, suicídio, vingança, dentre outros temas que compõe partes do psicólogico humano. Então esteja avisado, porque verá isso aos montes, do início ao fim do jogo. Corpse Party, alguém?

Repleto de coisas escondidas para coletar e personagens para conhecer, vamos criando um verdadeiro acervo de documentos que irão nos ajudar a entender melhor as origens da escola, questões internas, grupos de amigos, pesquisas sobrenaturais tão bem quanto pequenas notas que servirão para resolver alguns puzzles ou nos direcionar para um campo de batalha específico (um número de telefone que ao ser digitado, nos transportará para um campo de batalha), algo que fazemos digitando um número de telefone em nosso aparelho de celular por exemplo.

Essa parte da exploração, de você se tornar um detetive em segundo plano é muito legal, muito bem montado, eu me diverti bastante quebrando a cabeça para resolver alguns desses enigmas, coisa que envolvia inclusive até uma sequência no meio dos dígitos do PI, manja? 3.141592(…). Tive que pesquisar na internet o tal número, confesso que depois do 1415 eu não lembrava mais isso não. É muito louco o fato de que tudo vai exigir explorar cada cantinho, ler detalhes mínimos nos documentos, fazer associações com os alunos, relacionamentos e etc. Monark é um jogo de RPG com investigação muito bem construído.

Assustador é pouco! O jogo explora muito bem esses temas e dá uma identidade única ao título.

Esses enigmas são os pontos que tornam o jogo diferente entre os demais. São quebra cabeças que vão exigir muita leitura, gosto de enaltecer o fator de pesquisar relacionamento dos alunos, irmãos, amigos, pesquisar e associar informações de documentos com a descrição de um ou outro personagem, juntar tudo e ver no que dá. E isso é algo que acontece do início ao fim do jogo, é muito legal, e olha que eu não gosto mesmo de jogo de investigação, mas o universo e os personagens deixam as coisas super interessantes.

A trilha sonora do jogo também é babar – cheio de músicas cantadas de vários gêneros diferentes que vão do super melancólico ao super animador rock pauleira, algo que me lembrou bastante as músicas da série Atelier, que são fantásticas, principalmente porque esses temas são primordialmente temas de batalhas de conclusão de capítulo, ou em outras palavras, de chefe mesmo. Muito bom, kudos para Nihil, Pleiades e AIENKIEN que são as minhas favoritas.

A galera do mal.

Se essa é a sua praia, você já tem algo indo para você aqui. Monark é essencialmente um jogo de RPG de turnos onde temos um campo de mobilidade pré determinado e diversos tipos de alcance dependendo das skills que utilizamos, algo como um RPG tático no quesito posicionamento de seus personagens e inimigos. Organização e posicionamento nas batalhas são muito necessários pois é por onde vamos toda magia acontecer.

Ao completar um capítulo do game, recrutamos um monstro que irá nos ajudar nos combates, esses monstros são dividos em todos os pecados capitais como Gula, Raiva, Preguiça e etc, e cada um deles compõe um papel importantíssimo nos combates, fazendo que o jogador possa trabalhar com um mix-n-match de skills que se encaixam conforme a necessidade. Eu procurava sempre deixar um focado em cura, outro focado em porrada física e um bom mago, o resto vinha como bônus, já que os personagens principais não são lá grandes coisas em questões de atributos e tal. Personagem principal é um fracasso até no nível 99.

O jogo tem uma variedade de possibilidades nos conflitos que sempre vão instigar a imaginação. A forma que usamos as habilidades e nos posicionamos em combate, para dar golpes por trás (back-attacks), atacar com auxílio dos amigos em um chain é essencial. Além das armadilhas e barreiras que temos que lidar o tempo todo nos mapas.

Há uma customização de personagens bem rica aqui.

Lembrando que as habilidades vão gastar ou HP (nos golpes físicos) ou sua barra de MAD (que se chegar 100%, você entra em berserk e morre em 3 turnos, então cuide com isso!), sendo necessário ficar economizando supressantes mentais para se recuperar ou, se você for bem vida-loka, você poderá entrar num estado de Enlightenment que é uma mistura de Resolve com Mad, que é uma loucura. Mas isso aí para comentarmos outra hora..

Outro recurso interessante é o de Awakening, que nosso personagem entra em um estado especial que permite que nos movimentemos mais rápido, mais distante e possamos desferir especiais devastadores, algo como um Limit Breaker de Final Fantasy. Apesar de nosso herói ser pouca coisa, a gente consegue entrar em uma mecânica importante que é a de ressonância.

Ressoar com sua equipe, com os inimigos ou com ambos é uma aposta muito legal no sentido estratégico já que, uma vez que o personagem principal se conecta com um determinado personagem ou inimigo, eles dividirão as habilidades para serem usadas uns contra os outros. Fazendo isso com sua equipe, todo mundo poderá aumentar atributos, curar ou atacar com todas as habilidades divididas entre todos, exceto com os golpes característicos de cada um.

Monark é um RPG bem competente, bem feito demais, bem alinhadinho com as coisas que ele se propõe a entregar: Um enredo bem feito, totalmente dublado, cheio de animações rolando no game, canções, sistema de batalha fantástico e uma conclusão da história que é muito boa também. Claro, sem considerar o conteúdo extra do jogo que é bem massa, apesar de ser bem fácil matar os bosses opcionais. (Talvez porque eu tenha ficado muito overpower!)

Eu adorei o jogo, o que eu posso dizer? Tem membros da equipe que fizeram parte em jogos da série Shin Megami, além de um monte de artistas competentes que compuseram o elenco de desenvolvimento. A versão do Switch não ficou pra trás em comparação aos demais consoles, aliás, rodou bem pra caramba tecnicamente durante a gameplay toda.

Monark é um jogo que pode ser finalizado em menos de 70 horas, é longo, gostoso e nunca vai cansar. Pra mim foi a experiência do ano, muito bom mesmo. Desafiador na dose certa, personagens marcantes e enredo bem montado. Muito top!

Fábio Kraft
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