Análises

Avatar: Frontiers of Pandora

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Gostou dos filmes? Espere ver esse jogo!

Avatar: Frontiers of Pandora veio para fechar um ano incrível para os jogadores com chave de ouro. A Ubisoft entendeu a essência da franquia e trouxe uma imersão fantástica no mundo de Pandora sob os olhos de um Na'vi, é um jogo obrigatório para os fãs de Avatar e para quem aprecia uma boa aventura de mundo aberto. Frontiers of Pandora é muito melhor do que você imagina!

Acredito que para começar essa análise, nada mais justo que comentar sobre a minha experiência com a franquia Avatar. Em 2009, James Cameron(Titanic, Aliens, True Lies), lançou nos cinemas o aguardadíssimo Avatar que foi um sucesso avassalador, tanto em bilheteria quanto na crítica que rasgou de elogios o visual do filme e a seu revolucionário uso da tecnologia 3D que há muitos e muitos anos havia sido dada como morta.

Eu, honestamente, não vi nada demais no filme, achei a história bem previsível, porém é inegável o impacto que aqueles visuais do mundo de Pandora havia deixado em mim. Era um universo que só parecia possível em filmes e que algo semelhante aquilo nos jogos, onde fica a minha verdadeira paixão, jamais chegaria sequer perto, ainda mais considerando que os consoles da época eram o PlayStation 3 e Xbox 360.

Chegou a hora da caça!

Chegando em 2023, quase 1 ano após o lançamento da excelente sequência Way of the Water, a Massive Entertainment entregou exclusivamente para a geração atual e PC, Frontiers of Pandora. O jogo ficou em desenvolvimento por vários anos, pelo menos desde 2017 e só agora deu o ar de sua graça, mas será que a espera compensou?

FILHO DE DOIS MUNDOS

O jogo é um novo capítulo independente no universo Avatar, apresentando novos personagens e ocorrendo 15 anos após a tentativa da RDA de criar Na’vi humanizados. As crianças Na’vi sequestradas são resgatadas por sua professora, Alma Cortez, e agora, ao acordarem, precisam reconectar-se com sua herança perdida. Enquanto exploram Pandora, são consideradas estranhas pelos outros Na’vi. Com o retorno da RDA, os Na’vi devem unir seus clãs para proteger Pandora novamente. O jogo permite a personalização do protagonista e não está diretamente ligado aos filmes anteriores.

Para ninguém ficar perdido, basta saber que a RDA, ou Resources Development Administration, é uma organização fictícia no universo do filme “Avatar”. No contexto do filme, a RDA é uma megacorporação terrestre que se envolve em exploração extraterrestre em busca de recursos naturais, especialmente o mineral raro chamado “Unobtanium“. A RDA opera em Pandora, uma lua fictícia que orbita o planeta Polifemo, e está envolvida em atividades de mineração que têm impactos negativos no ambiente e na vida dos habitantes locais, os Na’vi.

Já pensou explorar um mundo como esses? Não precisa mais ficar na imaginação!

Já os Na’vi são uma raça humanoide indígena de Pandora. Eles têm uma cultura tribal e uma conexão espiritual profunda com a natureza e o ecossistema de Pandora. Os Na’vi são notáveis por sua pele azul, características físicas distintas e uma cauda preênsil. No enredo de “Avatar“, os conflitos surgem quando a RDA entra em conflito com os Na’vi devido à exploração de recursos naturais e à tentativa de expansão humana no planeta.

A história num geral é bem interessante, acrescenta bastante ao “lore” da franquia, porém não sei ao certo o quão canônico os acontecimentos do jogo são. Sendo ou não, isso pouco importa no final das contas, acho que o válido com produtos baseados em obras já existentes é que seja fiel ao material original e possa fazer as pessoas mergulharem ainda mais no universo em questão. Frontiers of Pandora faz isso com maestria, lhe garanto que vocês ficarão satisfeitos com o desenrolar do enredo, ainda mais para aqueles que gostam de histórias clássicas do bem contra o mal.

CHAMADA DAS FLAUTAS DE VENTO

Hora de falar do mais importante, a jogabilidade. O jogo é um FPS de mundo aberto, com bastante liberdade e que lembra muito a franquia Far Cry da própria Ubisoft. Antes de vir falar que é Frontiers of Pandora é apenas uma reskin dele, posso garantir que a experiência aqui é não é bem por aí. Antes de mais nada vale lembrar que controlamos um Na’vi, ou seja, não se trata de um humano comum e eles por natureza são mais ágeis, fortes e bem mais altos. Essa última parte é especialmente interessante porque passamos a ver o mundo de uma perspectiva diferente, tendo que inclusive se abaixar para andar em construções feitas pensadas nos humanos, como bases e outros complexos, achei isso um toque bem bacana.

Voe como um pássaro!

Para saber se o jogo é adequado para você, faço a seguinte pergunta: Você gosta de exploração? Esse é o maior foco aqui, você precisará explorar cada cantinho dessa região de Pandora caso queira aproveitar tudo que Avatar tem a oferecer. Por sorte a movimentação é rápida, gostosa e fluente, em muitos momentos parece que estamos jogando uma versão turbinada de Mirror’s Edge(DICE, 2009), é só jogando pra sentir mesmo. Os controles são precisos, apesar de em certos momentos parecerem um pouco confusos, nada que não dê pra se acostumar.

Construção de itens tem um papel muito importante aqui também, o que justifica a quantidade de itens que podemos coletar ao explorar o mundo, como plantas ou mesmo partes de monstros selvagens. Faz tempo que não via um sistema de “crafting” tão viciante, contando com até um pequeno mini-game para extrair a melhor qualidade de certas plantas, fora alguns sistemas de hacking! Não posso esquecer que o jogo conta com um sistema de combate bem robusto, com diversas armas e maneiras de entrar em combate, não pense que você irá ganhar todas as lutas se jogando no meio da galera… bem, até dá, mas é legal saber que existem outras maneiras.

Você não está sozinho nessa, converse bastante para obter dicas, missões e até itens!

O jogo também conta com diversas “bases” onde podemos trocar uma ideia com a galera, aceitar missões opcionais ou mesmo comprar itens diversos. Frontiers of Pandora é quase um RPG por contar com milhares de elementos que compõem seu esqueleto e isso é algo que pode ser um ponto positivo ou negativo, depende do jogador. Aquele que não estiver disposto a entender os nuances, pode se frustrar um pouco, porém se você for que nem eu, gosta de fuçar menus e ir atrás dos melhores itens, vai encontrar algo bem interessante aqui. As missões extras são as que mais fornecem bonificações pro nosso herói(que aliás é você que cria, esqueci de mencionar) e por possuir uma árvore de habilidades, dá pra deixar a experiência cada vez mais prazeirosa.

Com um combate gostoso e recompensador, uma exploração interessante e diversas mecânicas de upgrades funcionais, dá pra dizer sem sombra de dúvidas que Frontiers of Pandora garantirá sua diversão por muitas horas, pelo menos umas 20! E ah, tudo isso podendo jogar com um amigo em cooperativo, uma função que infelizmente não pude testar, mas dá pra ter uma ideia.

CLAREIRA DA LUZ

Chegou a hora de falar de um dos pontos mais marcantes desse jogo, o seu visual. Avatar foi desenvolvido com o uso de uma engine chamada de Snowdrop Engine, já presente em jogos como Tom Clancy’s The Division 2 e Starlink: Battle for Atlas, trazendo uma qualidade gráfica que parece justificar a geração atual de consoles. Essa análise foi baseada na versão PlayStation 5 e experimentei de forma exaustiva os dois modos visuais que temos como opção.

No modo Performance temos um jogo que roda a 60 quadros, com uma resolução que aparenta ser algo superior ao 1080p, mas que passa longe dos 4K do modo Quality, imagino que seja algo como 1440p. Lógicamente no Quality temos 4K de resolução e os já tradicionais 30 quadros, que honestamente não considero a melhor maneira de se aventurar por Pandora. Enfim, independente do modo que você optar, terá um deleite visual do qual não esquecerá tão facilmente.

Nem tudo são flores… literalmente.

O jogo é simplesmente maravilhoso, os ambientes naturais são exuberantes com cores saturadas propositalmente, efeitos de luz convincentes, texturas extremamente detalhadas e poderia ficar o dia inteiro tecendo elogios para essa parte. Para todo lugar que você olha dá impressão que estamos vendo o filme original de Avatar, de tamanha a beleza e isso é algo que eu definitivamente não esperava, não que eu duvidasse da capacidade do estúdio ou mesmo do poderio dos hardwares atuais, mas pelo esmero visual que o filme ainda possui. Não posso esquecer que o jogo também conta com um sistema de ciclo dia e noite, dando um show à parte tanto sob a luz do sol quanto sob a luz da enorme lua que banha Pandora, enfatizando os biomas com suas luzes bioluminescêntes(acredito que escrevi certo).

Sem sombra de dúvidas é o jogo mais bonito que joguei esse ano e isso é falar muito pois tivemos outros jogos lindos em 2023, que Avatar sirva de exemplo para os estúdios extraírem mais poder dessa geração que anda muito tímida e se você não se convenceu disso que eu falei por essas fotos da análise, vídeos no YouTube, ou mesmo de fato jogando o jogo em sua casa, espere até ir pra os céus… amigo, você não tem ideia.

Harmonia é tudo nesse universo.

Parte sonora também ficou bem bacana, joguei tudo em pt-BR e apesar de algumas dublagens parecerem ter sido feitas por IA, eu achei que foi um trabalho bem feito, salvo um bug chato que reseta as configurações de legenda toda vez que entro no jogo, algo bobo que deve ser remediado em breve. As músicas são excelentes também e por ter gostado tanto delas que coloquei nomes das faixas delas como os nomes dos “capítulos” dessa análise, vale a pena realmente colocar o som no talo ao explorar Pandora!

VEREDITO

Avatar: Frontiers of Pandora veio para fechar um ano incrível para os jogadores com chave de ouro. A Ubisoft entendeu a essência da franquia e trouxe uma imersão fantástica no mundo de Pandora sob os olhos de um Na’vi, é um jogo obrigatório para os fãs de Avatar e para quem aprecia uma boa aventura de mundo aberto. Frontiers of Pandora é muito melhor do que você imagina!

David Signorelli