Análises

Kena: Bridge of Spirits

8.5
A jornada de Kena começa agora

Kena tem um visual moderno e sistema de jogo que vimos bastante na geração do PS2 e no começo do PS3/Xbox 360. É um jogo de Ação e Aventura com elementos clássicos e jogabilidade moderna que se apresenta muito bem e entrega uma experiência de jogo muito satisfatória em todos os quesitos.

Kena: Bridge of Spirits foi desenvolvido e publicado pela Ember Lab para PS4, PS5 e PC. É um jogo de Ação e Aventura com combate e exploração em Terceira Pessoa, com diversas seções de Plataforma e Puzzles, além de lindos gráficos e jogabilidade desafiadora.

Este é o primeiro jogo desenvolvido pelo estúdio, que chega à indústria com pé direito e com um dos melhores jogos que pude jogar durante este ano.

História e Narrativa

Kena é uma jornada com história simples e fantástica, lembrando bastante o que vemos em jogos como Zelda e Dragon Quest, onde você deve salvar o mundo de um mal maior. Os personagens, acontecimentos e o mundo construído são carismáticos e interessantes o suficiente para a maior parte dos jogadores engajarem com a jornada, mas não são tão desenvolvidos para quem é mais exigente com este departamento.

Essa é Kena, a nossa adorável protagonista.

O game tem um foco grande nos combates, exploração e puzzles, então se você quer aproveitar uma grande jornada narrativa, saiba que este é um jogo que trata dessas questões de forma simples e objetiva, sem muita pretensão. A história e o desenrolar dela até é interessante, mas não traz nenhuma novidade para quem já está acostumado com videogames há mais de uma década.

Kena é focado em gameplay e tem grande influência de jogos da Nintendo, como Zelda e Pikmin. A história que o game conta é comum, mas sua construção é cativante e acredito que tanto o público mais jovem, quanto o mais adulto pode aproveitar o game da mesma maneira.

Gameplay

Kena é um jogo de ação e aventura com estrutura clássica e toques modernos na gameplay. O jogo lembra bastante um tipo de Action Adventure que desapareceu da indústria no início da geração Xbox 360 / PlayStation 3. Esse modelo não tinha mundos abertos e nem cinematografia avançada, na verdade eram jogos bem mais lineares e focados na experiência de jogo e gameplay.

O que o jogo tem de fofinho, tem de macabro também.

O game tem 3 pilares que constituem seu gameplay, e todos eles foram muito bem desenvolvidos. O jogo não faz muito para se desviar dos padrões da indústria, mas usa muito bem mecânicas populares ao seu favor e traz algumas novidades interessantes.

O combate lembra bastante o que vemos nesta nova escola de jogos da From Software, que influenciou séries como Asssassin’s Creed e God of War, inclusive é possível ter um desafio parecido com os games da série Souls se você estiver na pegada de jogar no Hard. Temos ataques fortes, fracos, esquiva, defesa, parry e ataques especiais carregados com o tempo/habilidade.

Se prepare para enfrentar criaturas bizzaras.

Os inimigos chegam a ficar um pouco repetitivos conforme você se aproxima do final do game, mas os bosses são excelentes e muito bem planejados. O desafio no normal é bastante satisfatório, mas quem procura algo mais interessante fica minha recomendação de jogar no hard.

As seções de plataforma são levemente exigentes e trazem uma boa quebra nos combates. Kena não tem a genialidade de um Mario ou o recente Psychonatus 2, mas faz um excelente trabalho dentro de sua proposta no jogo. Escalar aqui lembra um pouco do que vemos nos novos jogos da série Tomb Raider, algo acima da média nos jogos de ação e aventura. Você tem pulo duplo e outras habilidades comuns em jogos de ação e aventura mais antigos e vai usar isso por toda a duração do game.

Os puzzles e a exploração também tem função de trazer variedade ao loop de gameplay, e fazem isso muito bem. A maior parte dos enigmas e locais bem é simples e fácil de resolver/encontrar, e o game tem uma boa quantidade deles espalhada pelos mapas. Não tem a profundidade de um game da série Zelda, mas também não é superficial como a maior parte dos jogos, e isso com certeza é um ponto positivo.

Um dos vilarejos do jogo.

O jogo sabe quando ser aberto e quando ser linear, o design dos mapas do game foram muito bem construídos, com diversos atalhos e pontos de viagem rápida. Se você esqueceu de explorar um canto ou deixou algo para trás, não se preocupe, os devs pensaram nisto com carinho facilitando a vida dos jogadores.

Kena sabe balancear bem seus momentos de game e no final entrega uma experiência de jogo muito agradável e gostosa. Eu terminei com aproximadamente 12 horas jogando no hard, deixando alguns conteúdos de exploração para trás. Acredito que a maior parte dos jogadores chegue ao final em algo entre 9 e 11 horas.

Produção e Audiovisual

É realmente espetacular poder ver um estúdio novo e independente entregando algo deste nível no departamento audiovisual. Eu não digo isso só por conta dos efeitos e qualidade de imagem, mas também porque a visão artística e trilha sonora de Kena se destacam mesmo entre as mega produções AAA.

O arco de luz, uma das melhores armas de Kena.

O jogo tem uma dublagem impecável e rodou muito bem no PlayStation 5, onde fiz 100% do meu playthrough. Joguei o game no modo performance, com resolução dinâmica e 60 quadros por segundo e percebi pouquíssimas quedas de framerate.

Tecnicamente não tive nenhum bug ou glitch, então não tive nenhuma má experiência com a parte técnica do jogo. Li que alguns jogadores enfrentaram alguns pequenos problemas, mas nada que travasse o progresso ou quebrasse o jogo. Isso não quer dizer que o jogo é perfeito, mas em seu estado de lançamento é plenamente jogável e funcional, sem trazer grandes problemas, o que infelizmente é uma raridade na indústria dos dias de hoje.

Conclusão

O primeiro game da Ember Lab mostra um futuro extremamente promissor. Kena tem um visual moderno e sistema de jogo que vimos bastante na geração do PS2 e no começo do PS3/Xbox 360. É um jogo de Ação e Aventura com elementos clássicos e jogabilidade moderna que se apresenta muito bem e entrega uma experiência de jogo muito satisfatória em todos os quesitos.

Parece uma animação, né?

Algumas questões podem incomodar alguns jogadores, como por exemplo a estrutura mais oldschool, a falta de um fator replay e a história infanto-juvenil sem muitas novidades, mas no geral muita gente nem vai considerar isso um defeito.

O jogo está meio caro para os bolsos brasileiros, mas creio que em breve teremos boas promoções nas plataformas em que o game está disponível. Acredito que na faixa de 150 reais esteja muito bem pago pelo que oferece.

David Signorelli

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