Análises

Rune Factory 5

8
Esse é o verdadeiro sentido de "Faz tudo".

Um dos RPGs mais completos para sua biblioteca do Nintendo Switch. Simulador de encontros com um rico sistema de exploração e crafting que irá deixá-lo preso nele por horas e horas, é muito viciante.

Rune Factory 5 é um dos jogos com as mecânicas mais viciantes que eu pude experimentar nesses últimos tempos, porém, muitos outros aspectos acabam ofuscando o que realmente o jogo tem de legal.

Além dele ser um RPG bem competente, cheio de possibilidades de relacionamento entre os personagens, um rico sistema de crafting, pescaria e cultivo de plantas, ele também conta com um sistema de combate bem agradável mas muito pouco explorado dado o potencial ali mostrado.

Acho que vai rolar um love.

Essa análise se baseia na versão do Nintendo Switch, então vou apontar algumas coisas relacionadas a performance que devem ser pontuadas também, tanto em modo portátil quanto conectado à televisão. Desenvolvido pela Marvelous e publicado pela XSEED, esta é a quinta instalação da série até agora, e junto ao que se podia esperar, o jogo é muito superior em todos os sentidos em comparação com suas versões anteriores. Então vamos lá!

Rune Factory 5 é um jogo bem bonito visualmente, pelo menos na minha opinião, tendo em vista que eu sempre observo fatores artísticos acima de qualidades técnicas. Os cenários são enormes, coloridos, cheios de vida e tudo parece que tem uma dinâmica muito orgânica rolando no fundo, algo bem parecido com o que acontece em games do mesmo gênero como Story of Seasons por exemplo.

Para que andar a pé se você tem touros super fofos?

O principal hub de atividade, a cidade Rigbarth é composta de várias lojas e localidades para se realizar todo tipo de atividade que irá colaborar com o progresso do game, atividades que foram mencionadas acima e muito mais, e cada pequeno avanço será contabilizado para o aumento de um atributo em especial então o sentimento de você estar vagando sem rumo irá lhe recompensar de alguma maneira, o que acaba sendo um feedback positivo para quem está jogando.

Achou que essa aventura era só plantar batata, é?

A pegada do jogo é não correr com os objetivos principais e fazer bastante do conteúdo extra, conhecer os personagens e ir a fundo com as melhorias que você pode ir gerando para o seu herói e para a cidade em si, tendo em vista que cada uma dessas atividades acaba influenciando outra, seja para coleta de materiais melhores para forjar algo, cozinhar um item de cura diferente que une a pescaria e a culinária e por aí vai. Esse fator foi o que fez eu gastar horas e horas em cima de pequenas atividades e deixar um pouco da campanha principal em segundo plano, um dos pontos viciantes pra caramba.

Mas, falando um pouco do que se trata o jogo, Rune Factory 5 primeiramente nos trás uma linda animação de abertura em animê ditando assim o estilo despojado do game. Ao iniciar a trama, nosso protagonista amnésico acorda em uma clareira nas redondezas, sendo guiado por um grito de socorro de uma garotinha ali perto. Após avistar a menina e salvá-la de um ataque de monstros, eles seguem caminho para as portas da cidade, onde são recebidos e imediatamente levados aos cuidados da doutora local após nós caímos de cara no chão.

Exagero, a gente vê por aqui.

Os moradores amigáveis se oferecem para deixar o protagonista ficar lá até que recuperem suas memórias, mas para compensar o transtorno causado, e até mesmo para ir em busca de suas lembranças, nós nos juntamos à um grupo de pessoas que trabalham para manter a paz e a ordem chamado de SEED, algo como um grupo de patrulheiros podemos dizer assim, e não é o SEED do Final Fantasy 8, em?

Tudo funciona legal na teoria, desde as pequenas sidequests à exploração de dungeons e batalha, mas o que me deixou realmente triste é a falta de profundidade nesses combates, salvo as batalhas contra os chefes. De tanta coisas que temos à nossa disposição para usar, muitas delas acabam parecendo que se tornam obsoletas, algumas magias que não compensam o custo de MP, algumas habilidades com requisitos bem estranhos para usar e dungeons que tem sempre esse approach previsível de um dungeon crawler simplezinho, um grupo de inimigo esperando depois de um corredor e coisas do gênero.

A variedade de armas que o jogo tem e meios de se jogar com elas é fantástico, mas minha experiência com as batalhas é que eu sempre recorri a armas de duas mãos pelo alcance e dano causado, não compensa usar equipamentos mais rápidos para lugar porque a discrepância de dano era muito grande, o que tornou os combates algo mais como uma atividade chata do que prazerosa. Mesmo com artefatos e runas, eu não consegui me conectar tão bem, infelizmente.

A arte desse jogo é linda.

Claro que não estou dizendo que o combate do jogo é ruim, longe disso, mas depois de algumas horas investidas é passável para cansar um pouco, a experimentação existe mas é algo sem uma recompensa pra mim, não gostei de tentar me sacrificar contra inimigos mais fortes para ter a impressão que eu estava criando um desafio que o jogo era para ter criado pra mim, não sei se vocês estão me entendendo, mas muitas vezes senti como se eu estiver rodando um carro com um pneu em hexágono apenas para deixar um pouco mais interessante a viagem, hehe.

Outra coisa que pode ser que o pessoal desagrade um pouco é a questão do desempenho na TV do Switch, com as quedas de taxa de quadros bem visíveis, bem notáveis mesmo. Não me incomodei tanto enquanto fazia 80% das coisas, mas confesso que chegou a atrapalhar enquanto estava trabalhando nos campos ou enfrentando muito bicho ao mesmo tempo. Isso por outro lado, ocorre com menos frequência enquanto se joga no modo portátil, deixando um pouco mais suave a experiência.

VEREDITO

No geral eu gostei muito do jogo, me rendeu cerca de 50~60 horas até agora, ainda estou jogando! Mas, o jogo pode ser concluído em, eu diria, pelo menos umas 40 horas de jogo. É muita coisa para se fazer, é muita surpresa para curtir, o jogo é rico mesmo, espero que as pessoas encarem este game da maneira que ele deve ser encarado, da maneira de se jogar numa boa, sem correr, curtir os frutos do trabalho de formiguinha. Excelente escolha para quem curte games de RPG com simuladores diversos, o investimento vale muito.

David Signorelli

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