A série Atelier já está no mundo dos games há um bom tempo. Tudo começou em 1997, com Atelier Marie, e até hoje está firme, forte e recebendo títulos praticamente todos os anos desde então.
Durante o ciclo da vida do PlayStation 3, a Gust desenvolveu alguns jogos da série para ele, que foram divididos em 2 trilogias. A primeira trilogia é chamada de Arland, referindo-se ao território onde a aventura das alquimistas se passa. A segunda é chamada de Dusk, fazendo uma alusão ao tema central da história dos 3 jogos – só quem jogou sabe o motivo deste nome.
Nesta análise, falarei sobre os 3 jogos que fazem parte desse relançamento da trilogia Arland para o PlayStation 4 e o motivo de ele ter esse DX (ou deluxe) no fim do nome.
ATELIER RORONA: THE ALCHEMIST OF ARLAND
Na capital do reino de Arland vive uma menina sonhadora e aspirante a alquimista chamada de Rorona, que vive sob tutela da sua mestre, Astrid. Rorona é protagonista do primeiro jogo da trilogia Arland e, como deu para perceber, também carrega o nome em seu título, sendo uma característica da maioria dos jogos da série.
Atelier Rorona introduz praticamente todos os elementos-chave que serão utilizados ao longo dos 3 jogos e o faz de maneira bem competente. Um desses elementos é o fator tempo: na trilogia Arland o tempo precisa ser levado em consideração, pois o final do jogo é determinado pelas suas ações durante 3 anos.
Praticamente qualquer coisa que fizermos gasta tempo, desde criar um simples item até coletar materiais na floresta. Em Rorona, iremos explorar a cidade de Arland, percorrer cenários em busca de itens e, como uma boa alquimista, sintetizar muitos itens.
Apesar de permitir uma boa liberdade, a missão principal de Rorona nesses 3 anos é impedir que seu Atelier venha a quebrar. Para que isso não aconteça, o governo de Arland estipula uma série de metas que precisam ser realizadas em um espaço de tempo determinado. Por exemplo, Rorona precisa entregar 10 bombas de excelente qualidade para expansão de uma mina em no máximo 2 meses. Caso não cumpra esta meta, o jogo simplesmente acaba.
Por mais que pareça algo forçado demais, esse sistema faz com que o jogador tenha mais foco nas suas atividades, evitando desperdiçar tempo com besteira e, ainda assim, podendo curtir o jogo tranquilamente. A série Atelier possui sempre um clima bem leve e gostoso – mesmo que os jogos posteriores sejam muito melhores, Rorona já traz uma experiência divertida.
O sistema de alquimia no começo pode parecer complexo, porém, com o tempo vai ficando bem evidente que tudo funciona como deveria. Existe uma infinidade de itens que podemos fazer com os materiais colecionáveis, desde itens para curar até itens de ataque, como dinamites, bombas e armadilhas. Rorona não é uma lutadora e depende desses itens para sobreviver as batalhas, contudo, ao longo da aventura nós passamos a conhecer outros personagens, como Sterk, que aparece em todos os jogos da trilogia.
Durante as lutas podemos recrutar amigos, como Sterk, por exemplo, e mais um, como Lionela, Iksel e por aí vai – quanto mais amigos melhor, mas o segredo está no equilíbrio! As batalhas são em turno, como nos RPGs clássicos, e toda ação é determinada pelo fator velocidade. Fique ligado! Mesmo parecendo um jogo fofinho, não significa que seja fácil.
Com vários finais, Atelier Rorona é um jogo pensado para jogar diversas vezes, sendo praticamente impossível conseguir atingir todos os objetivos na primeira jogatina. O jogo tem umas 20 horas, facilitando para quem deseja jogar novamente sem elevar a fadiga.
Vale lembrar que essa versão DX de Atelier Rorona é baseada na versão Atelier Rorona Plus, que saiu alguns anos depois do original e traz gráficos um pouco melhores, principalmente nos personagens que agora possuem um modelo 3D mais parecido com as artworks, fora algumas poucas novidades em matéria de jogabilidade.
Visualmente não é um jogo que se destaca. É tudo muito simples e lembra bastante jogos do PlayStation 2. Mas simples não significa feio, e Rorona retrata bem as localidades, tem alguns efeitos malucos em combate e as artworks de Mel Kishida durante os diálogos compensam qualquer coisa.
Não esqueça de aumentar o volume quando jogar Rorona! As músicas têm uma pegada cômica, o que é muito raro de se ver atualmente. Muito uso de instrumento de sopro, em especial quando vamos para fora de Arland. Só acho uma pena que a música de batalha normal é um porre. Por sorte, as de chefe dão uma melhorada considerável. O destaque especial fica mesmo para o tema de abertura, que eu amo, a Falling, The Star Light.
Atelier Rorona: The Alchemist of Arland é um jogo muito gostoso, divertido e com uma personagem que encanta qualquer um. Mesmo sendo o mais fraco dos 3, não significa que é ruim. Ele é, inclusive, o recomendado para se jogar primeiro, pois cronologicamente se passam alguns anos antes dos demais – fica a dica!
ATELIER TOTORI: THE ADVENTURER OF ARLAND
Alguns anos após as aventuras de Rorona, nossa aventura nos leva a Alanya, um vilarejo de pescadores que também faz parte de Arland. Dessa vez controlamos Totori, uma menina que deseja se tornar alquimista para poder encontrar sua mãe, uma Aventureira que há muitos anos não dá notícias de seu paradeiro.
Totori vive com seu pai e sua irmã mais velha. Ambos são super protetores e temem muito pela segurança de Totori, ainda mais considerando seu objetivo. A história desse jogo tem um tom bem mais sério que Rorona e até mesmo Meruru, explorando temas de ansiedade, tristeza e isolamento. Por esses e outros motivos, é considerado o melhor da trilogia nesse aspecto!
Totori tem 6 anos para encontrar as respostas de suas perguntas. Após obter a licença de Aventureira, a nossa alquimista pode explorar extensivamente o território de Arland e até de fora dele. Isso tudo nos traz um jogo bem mais completo e longo, com praticamente o dobro do conteúdo de Rorona.
O sistema de alquimia e batalha sofreram poucas alterações. Num geral, é praticamente o mesmo que Rorona – claro que existem novidades, mas, em sua essência, pouca coisa foi alterada e o que foi, foi para melhor. Tudo flui mais rápido, temos personagens jogáveis mais úteis que no jogo anterior e aqui ainda podemos ter duas alquimistas em batalha. Depois, coloca o Sterk para fechar o grupo e pronto, tá feito o time do extermínio!
A Gust realmente deu uma retocada no visual do jogo em Totori. Agora temos cenários com geometrias mais complexas, alguns efeitos de luz e uma qualidade de imagem superior, sendo o segundo projeto desta desenvolvedora usando a Phyre Engine (a mesma de Rorona e Demon’s Souls), ou seja, já havia um bom know-how aí.
Quem está de parabéns mesmo é o time da parte sonora da Gust. A trilha sonora de Totori é fantástica e muito superior a de Rorona. Como falei anteriormente, o tema da história aqui é mais sério e o acompanhamento musical precisava se adequar. Por mais que ainda tenha canções alegres, mais para o fim do jogo o tom fica tenso e faixas como Hepatica dão o ar de sua graça. Assim como em Rorona, o tema de abertura, Pilgrimage, é lindo e a música dos créditos, Dia, é ainda mais bela.
Atelier Totori: The Adventurer of Arland vale muito a pena, pois é um dos melhores RPGs da geração passada sem sombra de dúvidas! Totori é demais e ver o amadurecimento dela nesses 6 anos mostra o carinho que a Gust teve com sua personagem.
ATELIER MERURU: THE APPRENTICE OF ARLAND
Finalmente chegamos ao último dos 3 jogos da série Arland. Aqui, a protagonista se chama Meruru, uma princesa de um reino chamado Arls e que tem como objetivo fazer com que ele cresça usando seu carisma e a alquimia com muita responsabilidade.
Ué, mas esse jogo não se passa em Arland? Então, Arls é um reino minúsculo que faz fronteira com Arland. O pai de Meruru é amigo do rei de Arland e deseja que Arls faça parte do território de Arland, mas isso vai depender de diversos fatores. No começo, Meruru não se interessa muito pelo assunto, porém, evidentemente ela verá que seu destino é outro.
Aqui voltamos a ter o clima sossegado de Rorona, com mais momentos engraçados. Meruru é uma personagem de personalidade forte e suas decisões exploram bem esse lado.
Apesar de preferir a história de Totori, Meruru é melhor em simplesmente todos os outros departamentos. O sistema de alquimia ficou mais fácil de entender, as batalhas agora são bem mais emocionantes, com diversos chefes e ataques especiais de deixar qualquer fã de anime shonen de boca aberta! Espere até ver o golpe Gaia Breaker de Sterk, esse cara é violento.
Apesar de voltar a ter aproximadamente 3 anos para terminar, Meruru consegue trabalhar esse tempo de forma caprichada. Eu consegui o final verdadeiro logo na segunda jogada, por exemplo. Nos outros foram de 3 até 5 tentativas, não querendo desanimar os mais perfeccionistas, porém, é assim que os jogos funcionam.
Meruru traz um visual ainda melhor que Totori, em especial os cenários, que agora têm detalhes bacanas até em locais mais afastados, e mesmo as cenas de história ficaram mais bacanas, sendo bem menos estáticas do que nos jogos anteriores. Sei que estou parecendo repetitivo ao falar das músicas, mas meu Deus, a trilha sonora de Meruru é estupenda, em especial os temas de batalha como Astral Blader e Astarte. Pensa num heavy metal da melhor qualidade que vai deixar você de cabelo em pé! Uma coisa bem legal é quando encerramos uma luta com um golpe especial, como Gaia Breaker: a música muda do nada para um tema curto referente ao personagem, que se encaixa perfeitamente durante a duração do ataque, é coisa de louco!
Atelier Meruru: The Apprentice of Arland é o melhor jogo da trilogia Arland e nem preciso dizer que, se possível, deve ser o último a ser jogado. Ele se passa depois dos eventos de Totori e, quem já teve o prazer de ter se aventurado nos anteriores, terá surpresas de encher os olhos.
VEREDITO
Com este pacote cheio de excelentes RPGs, nunca houve momento melhor para conhecer esta série. Os jogos, em sua versão DX, contam com todos os DLCs e novidades que vieram nas versões Plus do PlayStation Vita, trazendo ainda mais conteúdo do que os originais. Eu sou fã da série Atelier e tudo começou com Rorona. No começo, estranhei um pouco, mas com o tempo fui vendo que o mundo dos jogos precisava de um título como este!
Pros:
– 3 excelentes jogos em 1, apesar de que dá para comprar os jogos de forma separada
– Músicas maravilhosas
– Diversão até dizer chega
Cons:
– O preço podia ser um pouco mais baixo, considerando a idade dos jogos
– Graficamente datado
– Muitos podem não se adaptar ao sistema de tempo
Para mais análises dos seus jogos favoritos, fique ligado no vgBR!
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