Acho curioso como grande parte dos jogos de luta da atualidade em atividade fazem parte de séries que existem há muito tempo e Guilty Gear não é diferente. Desenvolvido e publicado pela Arc System Works, Guilty Gear -Strive- é o mais recente título dessa franquia de sucesso, que há mais de 20 anos tem feito à cabeça dos adeptos da pancadaria versus.
Antes de começar essa análise, gostaria de lhes contar um pouco da minha história com Guilty Gear, ok? Vamos nessa então!
KEEP YOURSELF ALIVE
Em meados de 1998 eu abro uma revista chamada Plug ‘n Play(sério) e vejo uma análise de um jogo de luta 2D do PlayStation chamado simplesmente de Guilty Gear. A análise era bem breve, mas falava muito bem do jogo e o mais curioso de tudo é que não se tratava de uma desenvolvedora conhecida como SNK ou Capcom e sim uma novata que ousou entrar nesse mercado super competitivo, pelo menos na época.
Mais curioso ainda é que só teciam elogios para o jogo e eu já estava acostumado a ver as publicações falarem muito mal dos jogos de luta 2D no PlayStation por culpa de sua capacidade limitada de RAM, portanto fiquei antenado no título só de me basear no que o piloto havia escrito. Pelas pequenas imagens parecia um jogo bem estiloso, com visual mais “radical”, só que para saber se a coisa era boa mesmo só comprando o jogo, afinal naquela época não havia internet como hoje em dia.
No dia seguinte fui até as “lojas” e comprei minha cópia japonesa de Guilty Gear já com um certo hype. Chego em casa e quando me deparo naquela qualidade de animação, cenários lindos, efeitos visuais chamativos, um controle preciso e tudo isso ao som de uma trilha sonora animal… meu queixo caiu. Me perguntei diversas vezes como eles tinham conseguido tamanha qualidade com hardware tão limitado e depois disso ficou até feio voltar para outros jogos de luta 2D do console.
AWE OF SHE
Guilty Gear X foi anunciado para o Sega Dreamcast e adivinha? Eu já estava prontinho para jogar. Quando comprei ele já imaginava que pelo hardware utilizado, teríamos um jogo muito mais belo que o original. Dito e feito, Guilty Gear X rodava em uma resolução alta e os sprites eram lindos demais, redondinhos e sem um serrilhado sequer, parecia um sonho.
Era tudo aquilo que havia no PlayStation só que maior, mais caprichado e com uma jogabilidade ainda mais refinada. Essa foi a versão que mais joguei de todos da série Guilty Gear até o momento e também foi à partir daqui que a franquia deu uma bela de uma freada.
THE MIDNIGHT CARNIVAL
Após Guilty Gear X a série tomou um rumo meio parecido com o que a Capcom fez com Street Fighter 2. Eles lançaram uma espécie de atualização de Guilty Gear X chamado de Guilty Gear XX e partindo dele foram acrescentando novidades em relançamentos. Tanto o XX quanto suas atualizações não eram muito diferentes do X e com isso eu fiquei meio desanimado com a franquia, esperava reformulações visuais que nunca viriam e os consoles da época tinham capacidade para tal.
Jogos como Guilty Gear 2: Overture(um jogo de ação, nada a ver com a série principal) e Guilty Gear Isuka(jogo de luta 2D com 4 bonecos na tela, esquisito) foram lançados, mas não lembro se cheguei a jogar eles… Por fim, eu acabei sofrendo uma fadiga da franquia e muitos anos se passaram até que meu interesse pela série voltaria.
SKY SHOULD BE HIGH
12 anos após o lançamento original de Guilty Gear XX, finalmente somos agraciados com o maravilhoso Guilty Gear Xrd -SIGN-. Uma verdadeira evolução da série, dessa vez usando gráficos em 3D! Mas nossa, Guilty Gear em 3D deve ter ficado uma porcaria! Eis que aqui está o pulo do gato, a desenvolvedora Arc System Works utilzou uma técnica avançada de shading para conseguir dar uma aparência de desenho de forma perfeita para modelos poligonais, só vendo para crer mesmo.
Quando eu vi esse jogo rodando mal pude acreditar, joguei ele bastante no PlayStation 3 e nem preciso dizer o quanto fiquei feliz ao ver uma série tão querida sendo revivida dessa forma. Era o melhor de dois mundos, toda a modernidade da tecnologia sem ter que abandonar o estilo de arte que a franquia sempre prezou. Guilty Gear Xrd -SIGN– obviamente também recebeu algumas atualizações, mas não de forma exagerada como seu antecessor.
THE SMELL OF THE GAME
Não sei porque, mas parece que a gente acaba se acostumando com a passagem do tempo. Foram 7 anos entre o último lançamento principal da série e finalmente está entre nós Guilty Gear -Strive-(é escrito assim mesmo). Essa análise foi toda baseada na versão PlayStation 5 do jogo, mas acredito que mesmo no PlayStation 4 as diferenças não devem ser tão grandes.
Antes de falar do jogo em si gostaria de salientar um ponto bastante importante dessa franquia, a sua história. Caso você precise relembrar algum detalhe ou mesmo se inteirar no que aconteceu até os eventos desse jogo, Strive conta com uma espécie de glossário e uma timeline detalhando os acontecimentos de forma ordenada. Achei bem legal por parte dos produtores se preocuparem tanto com isso, visto que talvez a maioria das pessoas não tenha jogado todos os Guilty Gears anteriores, portanto ponto para eles!
O modo história em si é bem peculiar, ele é literalmente o que o nome diz, um modo história do começo ao fim sem interrupções, como se fosse um filme… um filme de 4 horas! Eu pessoalmente achei super legal essa separação dos modos normais por deixa tudo com mais foco e claro, dá para salvar a qualquer momento, afinal não é todo mundo que tem tempo ou paciência para ver tudo direto.
Algo que me deixou sem palavras mesmo foi o nível de produção desse modo história. Ele segue o padrão gráfico do jogo e parece um anime, sem exageros. Na real tem momentos que parece melhor que um anime, mesmo que você acabe não se interessando pelo enredo, vale a pena só pelo “eye-candy” mesmo.
OUT OF THE BOX
Quero aproveitar esse momento e deixar bem claro que não sou nenhum profissional em jogos de luta, sempre curti o gênero desde a época de Street Fighter 2 e Fatal Fury, mas nunca consegui me dedicar o suficiente para ficar bom, sou apenas um entusiasta por assim dizer. Por isso mesmo joguei praticamente todos os jogos de pancadaria sempre que tive oportunidade e depois de uns 30 anos de experiência posso dizer sem pestanejar que Strive é um dos jogos com controle mais gostoso e preciso que já tive o prazer de experimentar.
Há quem diga que o jogo possui poucos personagens para escolher, porém acho isso muito equivocado. Cada personagem é completamente diferente do outro e não existe um que seja chato de controlar, algo que acontece na maioria dos jogos de luta. Nunca tive tanta vontade na vida de aprender a jogar bem de fato, modos como Tutorial e Mission contribuem para o entendimento de todas as mecânicas do jogo e elas não são poucas. Minhas primeiras horas aqui foram nesses modos e isso me ajudou a gostar ainda mais de Strive, a cada passo dado eu vibrava como se tivesse derrotado um super chefe, incrível mesmo.
Um outro modo que eu achei bem bacana é o de pescaria, onde podemos destravar diversos itens como roupas para seu Avatar(modo online, já chego lá), músicas, vídeos e muito mais. Para pescar precisamos gastar dinheiro que ganhamos em praticamente qualquer outro modo de jogo como Arcade ou nas partidas online. Falando em online posso dizer com alegria que finalmente temos um jogo praticamente lag-free devido a tecnologia rollback netcode, que “prevê” alguns frames dos lutadores, antecipando a interpretação do console e com isso reduzindo latência… admito que não é a melhor das explicações, mas é mais ou menos isso.
THE DISASTER OF PASSION
Guilty Gear -Strive- é um dos jogos mais bonitos que já joguei na vida e ponto final. O jogo exala qualidade, é tudo muito bem feito e não parecendo uma simples evolução do antecessor, dá a impressão que chegamos num novo patamar de qualidade em jogos de luta. Acho que desde o Soul Calibur do Dreamcast eu não me impressionava dessa forma, pessoal… vocês tem que entender que a coisa aqui foi bem longe.
Além de todos os personagens serem extremamente bem modelados, com animações detalhas para praticamente qualquer ação, os cenários são igualmente incríveis, possuíndo diversos níveis por conta dos ataques que “quebram” a parede e jogam o adversário longe, pense em algo semelhante aos cenários da série Dead or Alive, só que dessa vez num plano 2D.
Ouvi gente reclamar falando que por conta disso o jogo perde um pouco do charme de parecer um desenho, porém não acredite nesse papo não, você vai ficar de cara quando ver tudo isso acontecendo na sua frente. Antes que eu me esqueça, o jogo tem um cenário que parece uma cidade européia, cheia de pessoas e é de babar, acho que nem nos meus sonhos mais malucos eu imaginava ver algo tão maravilhoso.
Quanto a parte sonora acredito que dispensa apresentações, né? Todas as músicas do jogo são cantadas e grande parte delas fica na sua cabeça, não por serem chatas, mas por serem eletrizantes! A música tema “Smell of the Game” dá o tom a Strive e com certeza você irá cantarolar ela por dias à fio, ainda mais se fores uma pessoa que costuma ir nos options ajustar o nível da música para poder ouví-la melhor… humm, faça isso de qualquer maneira pois os efeitos sonoros vão atrapalhar na hora de curtir a trilha sonora, tudo na vida é um balanço!
VEREDITO
Poderia ficar horas escrevendo sobre Strive sem cansar, porém posso resumir minha opinião em uma simples frase: Compre esse jogo. A Arc System Works entregou o que há de mais competente no gênero, com tudo que um fã de jogos de luta poderia querer, estou imensamente feliz por estar vivendo essa realidade! Agora me dá licença que preciso relembrar uns combos do Ky!
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