Análises

The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel IV

9.5
O melhor RPG do Nintendo Switch já está entre nós

The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel IV é épico e grandioso, porém isso dependerá de quanto você investiu na série

É com um prazer imenso que pude revisitar os personagens e eventos de Trails of Cold Steel IV em um curtíssimo espaço de tempo. Joguei mais de 140 horas do original do PlayStation 4 ano passado e agora, graças à NIS America, estou tendo essa oportunidade de ver como a versão de Switch está rodando.

NA ESCURIDÃO DA IGNORÂNCIA

Trails of Cold Steel IV é o jogo marcado para concluir os eventos da “primeira” parte da sub-série Trails e a responsabilidade que ele tem com isso é imensa, vejamos o motivo disso. Confira abaixo um guia para entender melhor a franquia como um todo:

Esse guia foi atualizado até 2014, mas dá para ter uma ideia do tamanho da série.

The Legend of Heroes(como Dragon Slayer) nasceu nos anos 80 e teve diversos jogos ao longo dos anos e em 2004 a Falcom, que é a desenvolvedora, decidiu criar uma espécie de ramificação da franquia principal com Sora no Kiseki ou como ficou conhecida no ocidente, Trails in the Sky, marcando o início da série(vou parar de chamar de sub, ok?) Trails.

Olha a turma de Trails in the Sky aqui!

Apesar de terem sido lançados 9 jogos da série Trails até então, isso ainda não deixa muito claro a importância que Trails of Cold Steel IV tem para com ela, correto? Não exatamente. Aqui temos uma história única com eventos que vão acontecendo conforme os anos vão passando, dê uma olhada na linha do tempo abaixo:

Aconteceu coisa pra caramba.

Não preciso nem dizer que existe uma pequena necessidade de ter jogado os demais jogos para entender a história como um todo, né? Pena que infelizmente para grande maioria esmagadora das pessoas isso é uma tarefa quase impossível, ainda mais considerando que são jogos enormes.

Eu joguei e terminei todos os jogos que saíram em inglês de forma oficial(o que exclui Ao no Kiseki e Zero no Kiseki), portanto tenho uma ideia do que recomendar para quem quiser ingressar em uma das melhores séries de RPG da atualidade.

Lloyd e Elie, personagens de Zero no Kiseki.

São dois caminhos:

  1. Jogar os 4 jogos da série Cold Steel, o ideal. O porém disso é que os primeiros 2 jogos não estão disponíveis no Switch até a data dessa análise, então teria que dispôr de outros consoles.
  2. Jogar pelo menos o 3 que, de certa forma, é uma espécie de “ponto de partida”, mas ainda sim é um pouco forçado afirmar isso. E claro, o 3 foi lançado para o Switch.

E claro, jamais jogar o 4 antes dos outros. Não tem como, esqueça! Ufa, tendo essa programação já estabelecida, vamos ao ponto mais importante dessa análise.

ONISCIENTE

A história da série Trails é o aspecto mais importante de todos e não é por nada. Nesse jogo os acontecimentos são decisivos e todos os personagens irão mostrar suas verdadeiras faces. Devido a alguns fatos de TOCS 3, toda a primeira parte do jogo será com os membros da nova Class VII, ou seja, Juna, Kurt, Altina, Musse e Ash, claro que alguns convidados irão fazer parte do grupo como o instrutor Randy.

Muita coisa vai acontecer também nos céus de Erebonia.

O território onde a série Cold Steel se passa se chama Erebonia e ela está sofrendo os efeitos de uma maldição antiga que foi despertada, causando uma desgraça imensa em sua população. As pessoas estão tendo atitudes que não condizem com sua personalidade, em sua maioria fazendo mal para os demais, fora ainda que uma guerra está prestes a ser travada com o continente de Calvard, deixando tudo ainda pior.

Para nossa sorte essa história é contada de uma maneira que nunca vi em nenhum jogo na minha vida. Apesar dos personagens jogáveis serem peças-chave no enredo, todos os habitantes de Erebonia também fazem parte desse maldito conto de fadas. Os inúmeros NPCs possuem extensas linhas de diálogo, grande maioria possue um nome próprio e conforme as coisas vão acontecendo, a vida deles vai continuando e nem sempre estão no mesmo lugar, ou seja, o mundo não gira ao redor dos protagonistas.

Isso não é novidade dessa versão, em Trails sempre tivemos isso e eu não canso de salientar o quão impactante esse aspecto é para o aproveitamento dos jogos, se você jogar qualquer um dos jogos da série e simplesmente ignorar os NPCs você estará fazendo um desserviço a si mesmo. Pode parecer meio cansativo ficar falando com eles o tempo, mas lhe asseguro que valerá a pena e no fim tudo que acontecer terá um gosto ainda melhor.

Essa cena é uma das mais emocionantes que já vi em um jogo.

O jogo é gigantesco, sério mesmo pessoal, foram inúmeras horas para chegar a um dos melhores finais que já vi na vida e que fizeram eu pensar na saudade que irei sentir dessa turma toda.

BARREIRA DE AÇO

Não basta ter uma boa história se não temos um jogo divertido. Por sorte isso é outra especialidade da Falcom, produzir jogos profundos e que viciam. Trails of Cold Steel IV conta com um sistema de batalha em turnos onde a posição dos lutadores influência e muito o resultado do combate.

Além de serem super rápidos, nos contamos com uma infinidade de possibilidades de ataque e defesa, seja através dos Crafts que são ataques únicos de cada um dos personagens ou mesmo as Arts que é o nome que deram aqui para as tradicionais magias dos RPGs, com o único porém de precisar de um pouco de tempo de carregamento.

Pessoalmente considero esse sistema de TOCS IV um dos mais elaborados e refinados dos últimos anos, você dificilmente vai se cansar de lutar. Outro ponto forte são as lutas contra chefes que exigirão muita estratégia, assim como os combates usando robôs gigantes! Esses são de suar frio.

Juna Crawford desferindo seu segundo S-Craft

Fora dos combates temos uma exploração bem gostosa, com um controle preciso e várias implementações que facilitam a navegação como um todo. Vantage Masters está de volta como o mini-game principal, mas não é o único. Em um certo momento da jornada nós visitamos Mishelam Wonderland, a Disneylândia de Erebonia… pense mais como uma Gold Saucer 2.0.

O PALCO PERFEITO

Ok David, você falou da história da série, da história do jogo em si e sobre sua jogabilidade, mas como ficou a versão de Switch? Ficou muito boa! Lógico que não chega a ter a qualidade que tinha no PlayStation 4 onde o jogo rodava a 60 quadros por segundo o tempo todo(no Switch é apenas 30), porém temos sim aqui uma versão boa e melhor do que o jogo anterior.

Infelizmente TOCS 3 no Switch ficou marcado por ter uma quantidade absurda de travadas, o jogo constantemente trancava o console e nunca foi feito nada para arrumar isso. Por “sorte” aqui temos um jogo que não sofreu desse problema, ainda bem.

Kurt Vander se destacou como um dos melhores personagens da série na minha opinião.

Os cenários continuam lindos e os modelos poligonais da maioria dos personagens é bem satisfatório, num geral é mais a resolução e os serrilhados que prejudicam a parte gráfica mesmo, só que temos que levar em consideração que o Switch é o único console que permite jogar de forma natural(sem Remote Play) o jogo em um ambiente portátil e para um título com ritmo mais tranquilo como esse acaba caindo como uma luva!

ÂMBAR LÍRICO

Que delícia de trilha sonora, hein? O departamento sonoro da Falcom sempre trouxe uma qualidade ímpar e as faixas criadas especialmente para TOCS IV são as mais agressivas e épicas da série, afinal o jogo exige isso. Mesmo assim não faltam músicas das mais variadas, o tema da cidade Milsante até hoje me faz sentir uma paz imensa e o tema de encerramento, Ai No Uta, dá um arrepio que não sei explicar.

A dublagem também carrega a aventura com uma força absurda. Todos os atores voltaram a reprisar seus papéis e estão melhores do que nunca, simplesmente ninguém deixa a desejar, porém preciso destacar o ator do protagonista Rean, caramba, esse cara detonou.

THE END OF SAGA

Encerro essa análise com o subtítulo original de Trails of Cold Steel IV e também dizendo que esse jogo é simplesmente incrível, talvez o melhor RPG disponível no Nintendo Switch atualmente. O único defeito mesmo é a necessidade de jogar outros jogos da série, insisto nisso mesmo esse jogo possuíndo um sumário dos eventos dos demais jogos, acredite em mim.

Se tiver jogado pelo menos o 3 e não tenha como jogar os demais, embarque nessa aventura sem medo que eu tenho certeza que daí vai sair um novo fã.

Pros

  • Um clássico atual, um RPG de peso com uma história profunda e inesquecível
  • Personagens maravilhosos que ficarão marcados em sua memória para sempre
  • Versão de Switch extremamente competente, corrigindo vários problemas do jogo anterior
  • Trilha sonora e dublagem fora de série


Contras

  • Exige conhecimento prévio dos outros jogos


David Signorelli
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