Análises

Twin Mirror

8.5
Se prepare para uma trama cheia de mistérios

Quase como um sucessor espiritual de "Life is Strange", o game apresenta uma ótima trama que irá prender o jogador com várias reviravoltas

Eu já gostaria de dizer que tenho uma grande paixão pelos games da Dontnod. A empresa francesa consegue criar tramas que nos trazem ótimos momentos de diversão e experiências marcantes, ainda mais com sua principal franquia, Life is Strange. Cada personagem é muito bem desenvolvido e o jogador consegue se familiarizar com os mesmos, já que possuem problemas que todos nós também temos, fazendo assim com que quem esteja jogando consiga ter afeto pelos personagens. 

Mas será que Twin Mirror consegue trazer a mesma experiência marcante que Life is Strange? Dessa vez quem está distribuindo o game é a Bandai Namco, e o mesmo está disponível para Xbox One, PS4 e PC (via Epic Games Store), sendo retrocompatível com PS5 e Xbox Series X|S. 

Nem tudo é o que parece…

Após publicar uma matéria sobre a mina de Basswood e revelar toda a verdade sobre o local, Sam Higgs decide sair da cidade sob pressão de quem acabou perdendo o emprego, assim abandonando o lugar em que passou a sua vida inteira. Porém após dois anos do ocorrido, Higgs recebe uma notícia inesperada, seu melhor amigo, que o mesmo conhecia desde a infância, acaba vindo a falecer, e Sam decide voltar até Basswood para se despedir de Nick. 

Contudo sua chegada acaba não sendo da maneira que o mesmo esperava, e enquanto você revê velhos conhecidos também vai descobrindo que nem tudo é o que parece, já que coisas estranhas estão acontecendo na cidade. Sam então decide investigar, e a cada momento mais revelações vão acontecendo, fazendo com que o mesmo pense se ter voltado para Basswood foi realmente uma boa ideia. 

Um acontecimento inesperado traz Sam novamente à Basswood

Devo dizer que desde o primeiro minuto de gameplay a trama de Twin Mirror me conquistou, por mais simples que ela ainda estivesse simples e que os detalhes ainda estivessem sendo revelados, o game já estava me prendendo na sua narrativa. A cada momento que passava e que eu ia descobrindo mais e mais da história, eu simplesmente ia ficando preso na jogatina e querendo saber o que ia acontecer na próxima cena. 

A construção dos personagens também não deixa a desejar. Cada pessoa que aparece no game possui bons diálogos e não estão lá apenas para enrolar a jogatina. É possível perceber as emoções e o que cada um está sentindo, fazendo assim com que você consiga criar afeto (ou então rancor) na maioria dos personagens, algo que nem todo jogo consegue fazer, mas que Twin Mirror realiza com perfeição. 

Já que Sam Higgs é um repórter investigativo, é claro que o jogador passará por momentos de investigação, e a Dontnod conseguiu fazer com que essas partes tornassem a gameplay ainda mais divertida. Esses momentos irão obrigar o jogador a refletir e muito sobre o que possivelmente aconteceu em um certo lugar, ou então o que ainda irá acontecer. Para realizar essas investigações o jogador irá usar o “Palácio Mental”, uma habilidade que Sam possui e que faz com que o mesmo veja diferentes possibilidades das coisas dependendo das pistas disponíveis. Essa funcionalidade agrega e muito na jogatina, e não fica repetitiva em nenhum momento. 

O “Palácio Mental” é um show à parte

Higgs possui uma segunda personalidade em sua cabeça e está sempre falando com o mesmo. É incrível presenciar as conversas que ambos têm, e como cada um é diferente. Sam é uma pessoa que geralmente não demonstra tantos sentimentos pelos outros, sendo alguém mais sério em boa parte do tempo. Já sua outra personalidade está sempre prezando pelo bem dos outros, e sempre pede que Sam ajude quem está necessitando. Essas interações são muito boas e quase sempre nos fazem escolher entre seguir o jeito mais alexitímico de Sam ou então toda a positividade de sua outra personalidade.  

Aqui os coletáveis não são coisas chatas de serem pegas e que só fazem o jogador perder tempo. Muito pelo contrário, em Twin Mirror tudo que você coleta ou faz só agrega na experiência e na compreensão da trama, fazendo com que o jogador realmente queira pegar os coletáveis para entender mais do que está acontecendo, ou descobrir características dos diversos personagens. O primeiro tipo de coletável é a “lembrança”, em que, ao adquirir certos itens, Sam se lembra de alguns momentos que viveu com determinados personagens, assim tendo pequenos textos para que o jogador entenda mais dos mesmos. Já o segundo tipo, que é a “memória”, faz com que Higgs consiga viver momentos mais antigos graças ao “Palácio Mental”. 

Algo muito legal nos games da Dontnod são os momentos em que devemos escolher o que fazer ou falar a seguir, e aqui ela consegue repetir a dose de uma maneira esplêndida. As suas decisões em Twin Mirror podem trazer boas variações na gameplay, incluindo cenários diferentes ou até mesmo revelações que podem ou não acontecer. Isso traz um ótimo fator replay ao game, já que fazer diferentes escolhas traz diferentes possibilidades para a sua jogatina, o que é muito legal. 

As suas escolhas irão influenciar no desenrolar do game

Mas não é apenas nas tramas que a Dontnod brilha. As trilhas sonoras de seus games também são muitos boas e conseguem captar bem todos os sentimentos que os personagens passam. Isso vem desde Life is Strange e aqui não é diferente, cada música que conseguimos escutar no game é única e faz com que o jogador se sinta em Basswood. Os gráficos também seguem a mesma linha de outros jogos da Dontnod, com um estilo mais cartunesco, mas que é muito lindo. A jogabilidade também é super simples em Twin Mirror, e não exige muitos dos jogadores. 

Mas infelizmente o game também tem seus problemas. Algo que está presente em outros jogos da Dontnod são as demoras para certas coisas renderizarem, e aqui não é diferente. Por mais que o estilo gráfico do game seja muito bonito, vez ou outra os personagens aparentam serem feitos de cera, destoando completamente dos cenários. Mesmo que Twin Mirror tenha um bom fator replay, a sua duração ainda é muito curta, é possível finalizar o game facilmente em menos de 5 horas, um tempo que não vale o preço que estão cobrando. 

Conclusão da investigação 

Twin Mirror é mais um ótimo game da Dontnod, e perfeito para quem é fã de série Life is Strange e estava querendo um novo game no mesmo estilo, já que aqui as semelhanças não são poucas, e podemos até dizer que Twin Mirror é um sucessor espiritual da mesma. A trama não peca em sua construção de personagens e seu roteiro envolvente e misterioso, que faz com que o jogador queira saber cada vez mais o que irá acontecer a seguir. Ainda que esteja um pouco caro e que também possua seus problemas, o game é mais uma ótima produção da Dontnod. 

“Essa análise foi realizada com uma cópia de Twin Mirror generosamente fornecida pela Dontnod” 

Pros

  • Trama envolvente e cheia de mistérios
  • Ótimos personagens
  • “Palácio Mental” é um show à parte
  • As escolhas irão influenciar na sua jogatina
  • Bom fator replay
  • Ótima trilha sonora


Contras

  • Algumas texturas demoram para carregar
  • Vez ou outra os personagens parecem de cera
  • Duração curta para o preço que está sendo cobrado


Lucas Nunes
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