O incansável herói de cabelo vermelho, Adol Christin, está de volta em uma aventura completamente diferente de todas que ele teve.
A série Ys está entre nós há muito tempo, mais precisamente desde 1987 quando foi lançado Ys I: Ancient Ys Vanished para o computador NEC PC-8801 e desde então tem recebido lançamentos com uma frequência até razoável, mostrando que Adol não irá pendurar as chuteiras tão cedo.
BEM-VINDO AO CAOS
Ys IX: Monstrum Nox é o mais recente título da série e cronologicamente falando, também é, confira abaixo a ordem dos fatos:
- c. 700 a.C .: Eventos de Ys Origin
- 17 AC : Eventos do diário de viagem Ancient Ys Vanished (Ys 1 e 2).
- 18 AC : Eventos do diário de viagem Grande Floresta de Celceta (Ys 4).
- 19 AC : Eventos do diário de viagem Arquivos de Felghana (Ys 3).
- 20 AC : Eventos do diário de viagem Kefin, a Cidade Perdida da Areia (Ys 5).
- 21 AC : Eventos do diário de viagem Périplo do Mar de Goethe (Ys 8).
- 23 AC : Eventos do diário de viagem Procurando pelos Alados (Ys 6) e Os Cinco Dragões de Altago (Ys 7).
- 24 AC : Eventos do diário de viagem da Prisão de Balduq (Ys 9).
Com isso, é normal que durante o jogo os diversos personagens mencionem fatos passados das aventuras de Adol, dando uma imersão ainda maior na história para aqueles que tiveram a oportunidade de mergulhar de cabeça no mundo de Ys.
Lógico que isso não significa que aqueles que irão jogar Monstrum Nox como sua primeira investida na série ficarão perdidos, muito pelo contrário. A construção dos eventos em Ys IX é totalmente contido naquele universo da cidade-prisão de Balduq e a existência dos Monstrums, que dão nome ao jogo.
O ritmo dos acontecimentos fluem de uma maneira muito mais interessante que o Ys VIII: Lacrimosa of Dana, evidenciando um amadurecimento da equipe que escreveu a história. Em Dana parecia que dávamos 1 passo pra frente e 2 para trás, não sei se era por culpa da localidade em si(um naufrágio em uma ilha “deserta) ou por algum outro motivo.
Falando em localidade, a cidade onde o jogo se passa tem uma personalidade muito forte e dá para dizer que ela é peça-chave na trama. Quando iniciei o jogo e vi aquele mar de cores mortas, cinza para tudo quanto é lado, confesso que desanimei. Conforme ia conhecendo as pessoas que vivem lá, os diversos setores da cidade(que é enorme), etc… fui entendendo que existe um motivo dela ser daquele jeito, portanto se você teve a mesma impressão que eu de início, fique tranquilo.
Esse jogo foi com certeza o Ys com a melhor história que já joguei, com personagens excelentes, diálogos marcantes e grandes acontecimentos. Cada um dos Monstrums possui uma personalidade distinta, fazendo com que nenhum deles pareça que está no time só por estar. Se fosse destacar um ponto fraco seria para os vilões, infelizmente nenhum deles mostra força no enredo e enfraquece a trama como um todo, mas só um pouco.
A ESTRADA DO DESAFIO
Ys IX: Monstrum Nox mantém o mesmo estilo de jogabilidade de Ys VIII, com até 3 personagens simultâneamente, possibilitanto troca constante deles(o jogo meio que exige isso) e uma exploração com bastante liberdade. Não somente você consegue atravessar a cidade em uma super velocidade, como o jogo permite utilize as habilidades(ou Gifts) dos Monstrums para uma movimentação ainda mais fluente.
Honestamente acho que nunca vi algo desse nível em um RPG de ação, é simplesmente incrível explorar Balduq com tanta velocidade e precisão. Isso aliado a um dos controles mais maravilhosos que já pude experimentar, a Falcom realmente fez miséria com esse título. Nessas horas da análise que eu gostaria que existisse um jeito de vocês sentirem nas mãos como esse controle é perfeito, o bom é que foi recentemente disponibilizado uma demo do jogo, então assim que terminar de ler aqui corra pra baixar.
E olha que até agora só falei “apenas” da movimentação dos personagens durante a exploração, pois temos também outra parte da moeda, o combate. Delicioso, preciso, com mecânicas simples de entender, nossa… poderia perder horas e horas só falando disso. Você vai querer que tivesse mais batalhas ao invés de se cansar e começar a fugir de todas, só que lutando tanto vai deixar seus bonecos muito fortes, portanto recomendo jogar em dificuldades mais altas, pelo menos no Hard.
Claro que como em qualquer RPG, Ys IX está repleto de side-quests, com mini-histórias bem bacanas, praticamente nada de enrolação. Só tome cuidado para não deixar as quests expirarem, existe um timeframe específico para cada uma delas e as que estão escrito “Short”, priorize-as para não se deparar com um “Failed” enorme estampado na lista de quests… não olhe pra mim!
CLOACA MAXIMA
O que falar de praticamente qualquer trilha sonora da Falcom? Se você já ouviu trabalhos anteriores deles já sabe que eles nunca desapontam nesse quesito e Ys IX é só mais um ótimo exemplo dessa afirmação. As músicas desse jogo são animalescas e que se encaixam sempre com a situação que Adol Christin se encontra.
Durante a exploração de Balduq nos iremos ouvir uma música bem melancólica, representando um clima opressor, mas com notas de esperança. Ao encarar uma dungeon é normal esperar por um ritmo frenético, com guitarras distorcidas e uma energia imensa para dar aquela adrenalina necessária. Nas partes externas da cidade somos bombardeados com músicas voltadas pro clima de aventura, portanto deu pra ver que essa galerinha não brinca em serviço, né?
Uma dica que eu dou para vocês é ir até o Spotify e procurar pela Falcom JDK, lá você irá encontrar praticamente todos os trabalhos do sound-team da empresa tudo na faixa para seu deleite e é claro que a trilha de Ys IX está disponível nesse serviço.
Outra parte poderosa do jogo é a sua dublagem, apesar de ainda não ter o nível do trabalho feito em Trails of Cold Steel IV, os atores não decepcionam em nadinha. Gostei muito do dublador do Monstrum Hawk e de um outro personagem secundário chamado Chante, muito engraçado por sinal.
ME PEGUE SE FOR CAPAZ
Como a perfeição não existe, irei com muito pesar salientar 2 defeitos do jogo. O primeiro deles é o gráfico, são bem fracos e parecem bastante com jogos de duas gerações atrás. Tudo bem que fidelidade gráfica nunca foi prioridade para a desenvolvedora, mas o próprio TOCS IV(também da Falcom) possue um visual muito mais caprichado, com cores e texturas mais trabalhadas.
Durante a jogatina você até releva, visto que a cidade é enorme e pode ser explorada 100% sem telas de carregamento, talvez explicando essa deficiência. Eu joguei o jogo inteiro no PlayStation 5, rodando a deliciosos 60 quadros por segundo e que pelo que pesquisei essa performance só está disponível no modelo Pro do PS4 também, ou seja, no modelo base o jogo ainda roda com uma taxa de quadros menor, ouch.
O outro defeito quase fez eu desistir de jogar, os famosos “crashes” ou “falhas” do sistema que faz o console desligar o jogo do nada. Isso aconteceu muitas vezes e mesmo sendo corrigido com patches quando for lançado, parte da minha experiência foi prejudicada com uma falha tão boba dessas, eu tinha que ficar salvando meu progresso o tempo todo e chegava um ponto que eu começava a perceber que em questão de segundos o jogo iria “crashar”.
Será que isso foi causado também por eu estar usando o PS5? Independentemente isso não é algo que o consumidor precisa se preocupar.
VEREDITO
Ys IX: Monstrum Nox é um jogo simplesmente imperdível para os fãs do gênero, apesar de ainda possuir alguns defeitos aparentes, quem souber relevar eles vai encontrar um jogo extremamente bem polido, com uma história envolvente e um desafio na medida. Só não esqueça de colocar o som no talo, combinado?
Pros
- Um dos melhores controles que já vi em um jogo do gênero, perfeito.
- Trilha sonora absurdamente animal.
- História muito envolvente e que não precisa de conhecimento dos jogos anteriores.
- Desafio na medida.
Contras
- Gráficos bem abaixo da média da atualidade.
- Crashes constantes no PlayStation 5.
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