Death end re;Quest é um RPG com combate em turnos desenvolvido pela Compile Heart, estúdio que se consolidou com a série Neptunia e lançou bons RPGs como Fairy Fencer F: Advent Dark Force.
Com um nome tão esquisito, o que Death end re;Quest poderia fazer de novidade para o gênero? Iremos ver nessa análise.
HISTÓRIA
Nesse jogo nós assumimos o papel de dois personagens, Arata Mizunashi e Shina Ninomiya. Arata é um programador de videogames e que trabalha em uma empresa especializada nisso. Shina é uma colega de trabalho de Arata que desapareceu aproximadamente 1 ano atrás. Eles, juntos, trabalharam para produzir o World’s Odyssey, um jogo online imenso com paisagens fantásticas e desenvolvido com uma tecnologia de ponta.
O sumiço de Shina fez com que a empresa parasse o desenvolvimento do jogo, pois o trabalho dela era fundamental para o projeto. Death end re;Quest começa com uma cena bem macabra de Shina sendo devorada por um monstro, aparecendo logo depois em uma cabana como se nada tivesse acontecido.
Ela acorda não lembrando de nada e resolve sair dessa cabana em busca de respostas. Pouco tempo depois ela recebe uma mensagem do além vindo de Arata, explicando de forma vaga que ela está presa em World’s Odyssey e que o único jeito de sair de lá é derrotando o chefe final, exatamente como em um videogame. Esse ser maligno, que é basicamente um vírus ou bug, comanda uma força que impede ele de tirar a Shina de dentro do mundo virtual.
Todo o tom do jogo carrega uma energia negativa, transmitindo sensações de fragilidade e exposição ao mal, realmente fazendo um contraste com os demais jogos da Compile Heart que exploram mais temas cômicos e felizes, eu pessoalmente gostei dessa pegada. Os diálogos são bem escritos e apesar de ter alguns personagens irritantes, Shina e Arata tem uma química legal e seguram bem o desenvolvimento da trama.
Grande parte de toda a história é contada como se fossem um Visual Novel, com artworks enormes preenchendo a tela enquanto vamos lendo os textos. Uma coisa que pode acabar incomodando alguns é que os momentos não-interativos podem ser bem extensos e por conta disso o jogo permite que você salve seu progresso no meio deles a qualquer instante, algo que não é possível quando estamos controlando Shina pelas dungeons.
Os melhores momentos da história são sem sombra de dúvida quando estamos no mundo real com Arata. Com ele podemos explorar a cidade e encontrar pistas que podem ajudar a resolver os pepinos que andam acontecendo com a Shina no World’s Odyssey. Mas como que Arata poderia ajudá-la? Ao explorar o mundo virtual, Shina acaba encontrando alguns itens-chave que acabam se revelando importantes na trama e Arata consegue analisá-los, isso acaba incentivando o jogador a ficar alternando entre os personagens de forma frequente. Num geral a trama é bem interessante e o único defeito mesmo fica pelo fato de que, por existir perguntas durante os diálogos, algumas das respostas podem levar para um final ruim ou mesmo até a morte, sério mesmo, portanto não esqueça de salvar seu progresso.
JOGABILIDADE
Com um combate por turnos bem interessante, esse se torna o ponto mais forte do game. Podemos controlar até 3 personagens durante as lutas e elas seguem uma ordem fixa de atuação, basta observar no canto da tela. Quando for a vez do jogador, ele terá total liberdade de andar pelo campo de batalha, não dependendo de AP como em alguns jogos da própria Compile Heart.
Essa movimentação livre é praticamente a base dos combates, sendo o posicionamento tão importante quanto o seu leque de ataques. Por exemplo, Shina possui uma espada de uma mão e seu alcance é limitado, porém ela consegue atingir os inimigos em área, basta estarem próximos. Caso você desfira 3 ataques iguais, qualquer um dos personagens vai soltar um ataque chamado Knockback que lance o adversário na posição oposta do ataque, se durante esse lançamento ele colidir com um membro da sua equipe, ele também irá atacar com o Knockback e assim gerando praticamente uma partida de ping-pong com o inimigo.
Isso pode ser particularmente útil quando tem diversos “field bugs” no campo de batalha que nada mais são do que armadilhas que dão dano ou desferem algum status negativo. Eles aparecem de forma aleatória e ao usar o Knockback os inimigos podem sair voando em direção a esses “field bugs”, aumentando ainda mais o dano causado. Essas variáveis faz com que o sistema de batalha desse jogo seja super divertida, ainda mais para aquele tipo de jogador que gosta de experimentar.
À uns anos joguei um RPG chamado Mugen Souls que tinha uma ideia semelhante, não poderia deixar de mencionar antes que alguém venha falar que isso foi inventado em Death end re;Quest, necas!
Outra coisa bem legal das batalhas é as habilidades que Arata consegue desferir do mundo real dentro do virtual, seja com invocações, atacando inimigos com diversos status negativos e até um sistema de mudar o tipo de jogo! Muito legal, durante as lutas o jogador pode mudar o gênero para um FPS super simples e atacar os inimigos com tiros, lembrando o Blaster Master de Kingdom Hearts III sem sua mecânica. Depois disso tem diversos outros, até um jogo de luta! Achei particularmente bem sacado essa ideia.
Fora das lutas nós exploramos o World’s Odyssey em toda sua glória, passando por regiões desérticas até castelos dignos dos RPGs clássicos, aqui tem de tudo. Shina pode correr bem rapidamente e as telas de carregamento são quase instantâneas, fazendo com que a experiência seja bem agradável, realmente um jogo bem polido.
GRÁFICOS
Death end re;Quest roda em uma engine chamada Orochi 4 e dá para dizer que ele é um jogo bem bonito. O destaque fica mais para os modelos 3D das personagens e alguns cenários como dentro da cabana onde o jogo começa. Algo que me incomodou um pouco são os artefatos de “distorções” que ocorrem durante a exploração no mundo virtual, é difícil explicar, porém em alguns momentos a tela “corta” por uma fração de segundo ou mesmo se quebra, eu entendo que os artistas quiseram dar uma impressão de que estamos em um universo fragilizado e incompleto, mas tem vezes que chega a incomodar mesmo.
A performance do jogo é bem estável, rodando sempre nos 30 frames-por-segundo, algo que fico muito feliz pois conheço bem o histórico de jogos da Compile Heart, diversos jogos dela não aguentavam nem chegar a metade disso, vamos torcer para que esse jogo seja um exemplo para os futuros jogos da empresa.
Não menos importante, as artworks durante os segmentos de conversa são muito belos e cheio de expressividade. São como se fossem pequenas animações pois elas não ficam paradas, isso se trata de um recurso já bem usado nesse tipo de jogo para dar mais vida aos personagens, Shina é especialmente adorável, adorei o visual dela.
SOM
A dublagem, quando dar o ar de sua graça, é muito boa, os dubladores conseguiram transmitir bem a sensação de agonia e depressão que a situação do jogo passa. Uma pena que nem sempre podemos contar com ela, o jogo está LONGE de ser 100% dublado e é meio esquisito quando simplesmente para de ter diálogos falados, não tem uma lógica e faltou direção nesse aspecto, parecendo um produto com orçamento reduzido.
Gostei de algumas músicas do jogo, não é nada espetacular, entretanto é bem produzida e com melodias que se encaixam perfeitamente no momento.
VEREDITO
Death end re;Quest é um RPG diferente e ao mesmo tempo carrega uma sensação de dejá vù. A ideia de fazer uma história mais voltada pro suspense ficou bacana e espero que a Compile Heart continue explorando mais temas como esse, sem precisar sempre apelar pro fan-service e comédias bobas.
O jogo tem defeitos sim, mas com certeza vale a pena conferir, ainda mais para os fãs de Visual Novel que gostariam de ter um pouquinho mais de RPG em suas jogatinas!
Pros
- A engine nova usada pela Compile Heart nesse jogo trouxe um visual bem superior aos seus demais títulos
- Trama bem elaborada, com temas complexos
- Combate cheio de ideias legais
Cons
- Diversos momentos com muitos diálogos podem cansar alguns jogadores
- Apesar de ter uma boa dublagem, ela é muito escassa
- Alguns sistemas confusos
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