Análises

Análise – Halo 5: Guardians

8.5
Master Chief retorna! Ou não...
Halo 5: Guardians evolui a série e atinge o auge das mecânicas e jogabilidade no gênero FPS. Mas essa evolução não anda de mãos dadas com a história. Com enredo confuso, o universo de Halo parece seguir um caminho que nem mesmo a 343 Industries sabe o destino ainda.

Halo 5: Guardians é o segundo episódio da nova trilogia criada pela 343 Industries para a revolucionária série de FPS da Microsoft.

Exclusivo para o Xbox One, Halo 5: Guardians introduz um novo protagonista: o Spartan Jameson Locke, apresentado originalmente na série Halo: Nightfall.

HUNT THE TRUTH

Ignorando um pouco os eventos de Halo 4, o jogo começa com Master Chief reunido novamente com seus colegas do Blue Team. Formado por Linda, Fred e Kelly, o Blue Team é uma bela adição ao jogo e remete ao primeiro livro da franquia, Halo: The Fall of Reach de 2001, que receberá uma animação atualizada para ilustrar melhor acontecimentos importantes da série.

A trama é simples: Chief e o Blue Team resolvem buscar Cortana por conta própria, contrariando ordens da Infinity. Com isso são considerados AWOL (Absent Without Official Leave/Ausentes sem uma licença oficial) e aí entra o Spartan Locke e o Fireteam Osiris, formado por Edward Buck (sim, de Halo 3: ODST), Holly Tanaka e Olympia Vale com a finalidade de caçar Master Chief e seus amigos.

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Spartan Locke e o Fireteam Osiris

No papel a história funciona bem e a premissa empolga, mas o maior problema é que ela se desenvolve sem muita explicação e o desfecho é precoce, mudando tudo que você viu até então, perdendo o foco sem entregar a “verdade” prometida e sem resolver os problemas criados. Além disso Locke é um protagonista simplesmente fraco.

Não há uma maneira fácil de dizer isso, mas é difícil criar empatia com um sujeito que chega de maneira forçada, ocupa 70% de espaço no jogo e tem a ingrata missão de caçar o herói da série que jogamos por quase 15 anos. Além disso quem assistiu Halo: Nightfall sabe que se a série fez algo pelo personagem de Locke, foi apenas em detrimento ao mesmo. Sem apelar para spoilers, seja em respeito, liderança ou habilidades, o cara simplesmente não tem o que é necessário para ser considerado um spartan à altura de Master Chief.

Outra oportunidade de ouro perdida no game seria explicar como se deu a reunião de Chief e do Blue Team novamente. Eles começam o jogo juntos e prontos pra uma missão, sem qualquer menção a como isso aconteceu. A 343 acerta em trazer o time de volta, mas erra em não desenvolver essa história. Explicar esse encontro seria algo muito interessante para os fãs que conhecem o time e acompanham a série desde os livros.

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Master Chief e o Blue Team

O melhor gameplay

Se a história falha em entregar a expectativa criada, o mesmo não pode ser dito da jogabilidade. Halo criou a maior parte dos elementos atuais que tornaram-se padrões nos FPS modernos e Halo 5: Guardians mantém a série criando tendências.

Algumas das novidades mais notáveis são os ataques especiais como Spartan Charge que consiste num ataque físico após pegar impulso numa corrida ou o Ground Pound que permite que você desça dos céus rasgando com um soco no chão que cria uma onda de impacto nos seus oponentes. Outros detalhes menores com as armaduras dos spartans completam o show: Os jetpacks agora servem de estabilizadores no ar em alguns segundos, quando você pula e entra em modo de mira. Isso é muito útil agora que todas as armas receberam “aim down sights” ou o famoso “olho na mira”.

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A AI dos oponentes continua desafiadora e das melhores já vistas num jogo do gênero. Em contrapartida a dos seus parceiros simplesmente não funciona como deveria e nos modos mais difíceis vai causar momentos de revolta. Felizmente o jogo introduziu uma mecânica de salvar o parceiro e você pode contar com a AI para quando cair no modo Legendary. Só não espere que ela seja exatamente ágil, mas algumas vezes vai conseguir lhe resgatar, evitando voltar no checkpoint.

E por falar nas batalhas, a escala dos mapas é absurda e isso proporciona situações onde lutamos com mais de 20 inimigos na mesma tela. É algo nunca visto antes num FPS e o cooperativo com 4 jogadores promete ser dos mais divertidos. Promete porque até o momento de fechar essa análise não conseguimos analisar o aspecto multi-jogador do game, já que o servidor só abriu para jornalistas e não conseguimos testar esse modo.

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Essa é a maior preocupação com Halo 5: Guardians até o momento. Tivemos a mesma situação acontecendo com Halo: The Master Chief Collection (multiplayer indisponível na semana anterior ao lançamento) e os modos online do game final simplesmente não funcionavam. Halo 5: Guardians funcionou decentemente no Beta, mas até o fechamento dessa matéria tentamos por mais de 30 vezes conectar ao servidor e sempre recebemos mensagem de que ele estava vazio e não tinha jogadores suficientes. Isso é aceitável considerando que somente veículos de imprensa tiveram acesso ao servidor de multiplayer até agora, mas não deixa de ser preocupante. Se os mesmos problemas de Halo: The Master Chief Collection se repetirem em Halo 5: Guardians, a franquia vai receber um golpe duro de recuperar.

Quinn DelHoyo, diretor do multiplayer nos garantiu numa entrevista que isso não vai acontecer, mas não deixamos de ficar apreensivos. Assista abaixo:

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ATUALIZAÇÃO: Leia nossas impressões detalhadas do modo multiplayer de Halo 5: Guardians.

Grandiosa trilha sonora

Se Halo 4 pecou em perder Martin O’Donnel na direção musical da franquia, Halo 5: Guardians não decepciona nesse aspecto. A trilha sonora do game está espetacular e conseguiu manter as características da série, sem perder a originalidade da nova direção composta por Sotaro Tojima, e o compositor Kazuma Jinnouchi.

Escute a trilha sonora completa abaixo:

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GRÁFICOS

Tudo o que você precisa saber sobre Halo 5: Guardians no departamento gráfico é que ele é um dos jogos mais bonitos que já vimos até hoje. Os cenários são gigantescos e variados e rodando em “1080d” (uma resolução dinâmica, que escalona para 1080p e abaixo disso quando o necessário para não perder performance) e 60 FPS cravados, o jogo apresenta uma performance muito estável e impressiona em situações de batalhas com 20 ou 30 inimigos na tela. É muita coisa acontecendo sem nenhuma queda de frame.

Veja abaixo o vídeo que fizemos da primeira missão e comprove a beleza do jogo.

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Expectativa e responsabilidade

Como grande parte dos episódios centrais de uma trilogia, Halo 5: Guardians cai no perigoso território de criar mais problemas do que soluciona, gerando uma expectativa enorme e aumentando a responsabilidade para o último episódio consideravelmente. Quem era o cara que interrogou Halsey no começo de Halo 4 ou porque o Didact simplesmente não dá as caras em Halo 5 são perguntas que Halo 6 terá obrigação de responder, ou ficará com fama de um produto mal acabado.

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Halo 5: Guardians evoluiu a série e mais uma vez parece ter atingido o auge das mecânicas e jogabilidade no gênero FPS. Mas essa evolução precisa voltar a andar de mãos dadas com a história.

O universo de Halo, um dos aspectos mais interessantes da série, parece seguir um caminho que nem mesmo a 343 Industries sabe o destino ainda. E isso não é uma boa notícia para aquele que já foi considerado um dos pontos mais fortes da franquia.

Átila Graef

Comments (2)

  1. […] O review do vgBR de Halo 5: Guardians não incluiu muitas considerações sobre o online do jogo, uma vez que durante os testes este ainda não havia sido lançado para o público geral, não sendo possível testar seu desempenho em uma situação normal. Assim, este texto é uma extensão do review, analisando o que funciona e o que deixa a desejar nas modalidades multiplayer do jogo. Vamos lá? […]

  2. […] Halo 5: Guardians evolui a série e atinge o auge das mecânicas e jogabilidade no gênero FPS levando o prêmio de Melhor FPS de 2015. Leia nosso review do game. […]

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